Maria Luís Albuquerque é a mais recente contratação da empresa britânica de gestão de dívida Arrow Global para o cargo de administradora não-executiva. Contudo, a notícia não chegou aos ouvidos de todos da melhor forma por considerarem que há uma incompatibilidade com atuais e anteriores funções políticas da social-democrata. Além de que, refira-se, a empresa tem no portfólio de clientes o Banif.
No seu comentário semanal, Miguel Sousa Tavares disse, na antena da SIC, ter muitas dúvidas "sobre uma lei que proíba os titulares que saem do governo de exercerem funções em setores que supervisionarem enquanto ministros".
"Penso que o leque de recrutamento de governantes vai estreitar-se. Ao sair do governo vai trabalhar em quê? Médico? Acho uma lei difícil de se fazer embora perceba a sua necessidade", admitiu.
Já em relação à situação concreta de Maria Luís, o escritor referiu que "há uma questão ética em primeiro lugar". "Tem que ver com a aceitação do lugar nesta firma em concreto. As coisas já me pareciam claras. Depois de ler o comunicado da firma explicando em concreto as razões porque a contrata tornaram-se mais evidentes. Ela é contratada para aproveitar informação privilegiada que teve sobre a situação de créditos no setor bancário enquanto ministra das Finanças", assegurou.
E "não porque tinha qualquer experiência anterior no setor bancário. Aqui temos uma empresa especialista em buscar créditos a massas falidas dos bancos e precisa de alguém que as identifique. Maria Luís pelas funções que exerceu está nessa posição. Eticamente ela não deveria aceitar", sublinhou Miguel Sousa Tavares.