Marcelo identifica dois modelos de Governo, mas pede unidade

O Presidente da República considerou hoje que há neste momento dois modelos alternativos de governação, aconselhando cada um a demonstrar humildade e competência, mas defendeu que tem de haver unidade no essencial.

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Lusa
25/04/2016 12:23 ‧ 25/04/2016 por Lusa

Política

25 Abril

No seu primeiro discurso do 25 de Abril, que no final recebeu palmas de todas as bancadas e foi aplaudido de pé por PSD, PS e CDS-PP, Marcelo Rebelo de Sousa voltou a apontar a saúde como uma área de fácil convergência.

O chefe de Estado reafirmou que esse poderá ser "um primeiro passo" para "consensos setoriais de regime" noutros domínios como o sistema político, o sistema financeiro, a justiça ou a segurança social.

O Presidente da República declarou que, "felizmente, quanto aos grandes objetivos nacionais, há um larguíssimo acordo entre os portugueses", acrescentando: "Felizmente também, há no nosso país, neste momento, dois caminhos muito bem definidos e diferenciados quanto à governação, ao modo de se atingir as metas nacionais".

Segundo Marcelo Rebelo de Sousa, "cada um desses caminhos é plural, mas querendo ser alternativo ao outro" e tem "lideranças e propostas próprias, clarificação esta muito salutar e fecunda".

"A democracia faz-se de pluralismo, de debate, de alternativa. Assim, quem se pretenda alternativa, de um lado e de outro, demonstre, em permanência, a humildade e a competência para tanto", aconselhou.

O Presidente da República apontou os portugueses como exemplo a seguir, dizendo que souberam unir-se nos tempos de crise: "Essa lição é um sentido de vida para tempos difíceis, a apelarem à sensatez".

Os portugueses dividem-se na política - "para uns, a governação atual é promissora; para outros, um logro" -, mas todos querem estabilidade, alegou.

"Unamo-nos no essencial, sem com isso minimamente negarmos a riqueza do confronto democrático, em que Governos aplicam as suas ideias e oposições robustecem as suas alternativas. Troquemos as emoções pelo bom senso", pediu.

Marcelo Rebelo de Sousa deixou, depois, conselhos ao Governo e à oposição.

Aos que "devem governar", aconselhou a que o façam "com voluntarismo, mas com especial atenção a que o possível seja suficiente, e mais do que isso, seja bom para Portugal".

Aos que "devem contestar", recomendou que o façam "com firmeza, mas com a noção de que o tempo não muda convicções, mas pode alterar ou condicionar soluções".

O Presidente reiterou a ideia de que há atualmente "amplo acordo de objetivos nacionais, por um lado, e dois distintos modelos de governação, por outro".

No seu entender, esses dois modelos divergem sobre o "papel do Estado na economia e na sociedade", sobre as "prioridades para a criação de riqueza", e "quanto ao tempo e ao modo da redistribuição da riqueza", sendo também "diversos na filosofia e na prática política".

Contudo, insistiu, "a saudável contraposição de duas fórmulas de Governo não atinge o fundamental na unidade dos portugueses".

O chefe de Estado exortou os responsáveis políticos a honrarem a democracia criada pelo 25 de Abril "renovando o que importa renovar, debatendo o que há a debater, sonhando o que há a sonhar".

"Mas olhando para o exemplo dos mais simples e humildes, do povo, que é a verdadeira origem do poder. Preservando sempre a unidade no essencial, a pensar em Portugal", apelou.

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