No final do primeiro discurso de Marcelo Rebelo de Sousa como Presidente da República na sessão solene dos 42 anos do 25 de Abril, Catarina Martins sublinhou que a parte mais interessante foi "o reconhecimento de que hoje é seguramente um dia de celebração", que "Portugal andou muito desde a revolução", mas também que é preciso "pensar no que falta fazer".
"Julgo que o Presidente teve este sentido. Reconhecendo o que havia para andar, reconhece também o muito que há para fazer", defendeu.
Na opinião da líder bloquista, a Assembleia da República "está a funcionar agora, assim, como sempre funcionou, como é normal em democracia".
"Eu gosto de pensar [que está a funcionar] com um ar novo porque o debate é hoje mais profundo do que alguma vez foi nos últimos anos. Julgo que o Presidente da República reconhece essa realidade e convive com ela", destacou.
Para Catarina Martins, quem hoje em Portugal vive em situação de desemprego, precariedade ou com falta de apoios sociais olha hoje para estas celebrações "sentindo-se excluído da promessa da democracia e da liberdade que é o 25 de Abril".
"Reconhecemos o muito que se andou, mas temos que ter a consciência profunda da tanta gente em Portugal, pelas condições de vida a que está sujeita, vive a negação da democracia e não esta cidadania democrática que é a resposta que Portugal trouxe", defendeu.
A "noção clara do percurso" que é preciso fazer pela igualdade é, para a líder do BE, "a melhor homenagem ao 25 de Abril".
"Termos a perfeita consciência de tudo o que falta fazer para que a democracia, para que a liberdade sejam não apenas palavras distantes, mas a realidade de todas as pessoas", disse ainda.
Sobre a questão europeia, Catarina Martins assumiu "análises diferentes do que Europa diz".
"Nós no BE consideramos que de facto há uma negação do nosso país de responder à democracia quando aceitamos imposições europeias que tolhem o nosso Estado social. Os países não devem andar trás", vincou.
Para a líder do BE apesar de Portugal viver na Europa, deve fazê-lo "de cabeça erguida".
"Quando temos orgulho na revolução que fizemos ou na nossa Constituição isso não significa fechar-nos em nenhum ideal nacionalista, mas sim percebermos que a nossa identidade nacional é boa parte da resposta ao que pode construir o futuro", afirmou.
Sobre o apelo aos consensos feito por Marcelo Rebelo de Sousa, Catarina Martins recordou que "mesmo quando havia uma maioria de direita, o BE nunca deixou de discutir projetos e até houve avanços legislativos promovidos pelo BE".
"É normal que em democracia a divergência se conheça, seja debatida. Isso não é nem falta de bom senso nem de capacidade de diálogo", justificou.