"Saúde a duas velocidades: Privado para ricos e SNS para pobres"
Ex-ministro da Saúde alerta para o "crescente desequilíbrio da nossa combinação público-privada".
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Política Correia de Campos
Correia de Campos foi responsável pela pasta da Saúde no governo de António Guterres e, mais tarde, repetiu a responsabilidade no primeiro mandato de José Sócrates. Num artigo publicado na 'Ação Socialista', publicação afeta ao PS, o ex-ministro deixa alertas à relação público-privado na área da saúde.
Crítico da ADSE, e afirmando que o setor privado "tem todo o direito de, por sua conta e risco, se instalar onde vislumbre mercado, desde que cumpra as regras", Correia de Campos critica a "apressada destruição prática do SNS, acompanhada da retórica que o glorifica como uma das grandes conquistas" da democracia.
Na perspetiva do antigo governante estamos perante um "um sistema a duas matrizes e a duas velocidades: o privado para ricos e remediados e o SNS para pobres ou para casos mais complexos. A desnatação no seu melhor".
"Também reconhecemos a crescente melhoria e organização do privado". No entanto, acrescenta, "todos sabemos, também, que seleciona profissionais "no inesgotável manancial do SNS", algo que "lhe sai a custo zero" e que é feito entre profissionais "frustrados pela desorganização, faltas de meios e péssimo pagamento dos hospitais públicos", pode ler-se.
O texto intitulado 'As Hossanas ao SNS' sugere que não basta retórica. É preciso mudanças práticas que não permitam que o desfasamento entre o setor público e privado na saúde continue a avançar.
"Não me venham dizer que não há dinheiro. Pois não, sabemo-lo. Mas há prioridades". O SNS deveria estar no topo dessa lista, defende. Correia de Campos fala ainda nas descidas remuneratórias no público "agravadas nos últimos cinco anos", isto quando "nada de positivo se anuncia para reverter esta situação", considera.
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