Estávamos a 1 de Abril de 2011, apenas a dois meses de um novo Governo assumir o rumo do País, quando Passos Coelho, actual primeiro-ministro e na altura candidato ‘laranja’ a São Bento, afirmou perante uma jovem plateia de estudantes de uma escola de Vila Franca de Xira que já tinha ouvido “o primeiro-ministro [José Sócrates] dizer que o PSD” queria “acabar com muitas coisas e também com o 13º mês”.
“Mas”, acrescentou Passos, “nunca falámos disso e isso é um disparate”, recorda hoje o jornal i. Acontece que, apenas alguns meses depois de chegar a São Bento, o Governo de Passos aplica uma sobretaxa sobre os subsídios de Natal dos funcionários públicos e, um ano depois, o corte do 13º mês acabou mesmo por avançar.
Também nesta circunstância, Passos Coelho assegurava que “toda a austeridade” seria feita “pelo Estado (ao nível da despesa) e não pelos portugueses (do lado da receita)”, afastando “mais aumentos de impostos”, até porque, como o próprio escreveu no seu livro ‘Mudar’, isso pode conduzir “à contracção da actividade económica”.
O advogado e jurista, José Miguel Júdice, acredita que a mentira “faz parte do ADN do político” e “votamos nos políticos que nos mentem e não nos que nos dizem a verdade”. No mesmo sentido, e também ao jornal i, o politólogo António Costa Pinto entende que a “sociedade portuguesa já dá o desconto” e já se habituou a que “as promessas não sejam cumpridas”.