"O que está em curso é uma operação que visa levar ainda mais longe o processo de condicionamento do rumo do país num sentido contrário aos interesses nacionais, aos interesses dos trabalhadores e do povo", disse Jerónimo de Sousa, que falava para uma plateia de militantes comunistas num comício, em Ovar.
Ao manter em aberto a possibilidade de aplicação de sanções e ao exigir novas medidas estruturais, o secretário-geral comunista disse que a Comissão Europeia "acentua a postura de imposição de um rumo de empobrecimento a que tem sujeitado o nosso país".
"Ou seja, querem obrigar o país a executar estas mediadas violentas contra o nosso povo, contra a nossa economia, contra a nossa soberania", diz Jerónimo, defendendo que "por razões até de dever patriótico, temos de dizer que, quer eles queiram, quer não, quem manda em Portugal deve ser o povo português e não as instituições europeias".
Na opinião do secretário-geral comunista, Portugal precisa de fazer parar "este círculo vicioso de destruição económica e social".
"Está na hora de dizer: Basta de submissão e dependência", afirmou.
No seu discurso, Jerónimo de Sousa voltou ainda a defender a renegociação da dívida do país, sublinhando que Portugal não pode manter dívidas (pública e externa) que "são das maiores do mundo".
"O Estado não pode pagar anualmente em juros bem mais do dobro do que recebe em fundos estruturais da União Europeia, quase tanto ou mais do que gasta em saúde e educação. Precisa de estancar a sangria de recursos, por via dos juros, para o capital financeiro e o estrangeiro e usá-los para o investimento e a ação social", frisou.
O secretário-geral comunista deu como exemplos as renegociações "bem sucedidas" da Argentina e Equador, para defender que "é possível uma renegociação dos prazos, juros e montantes, que abata fortemente os valores em dívida".
Abordando também a questão da precariedade nos vínculos laborais, Jerónimo de Sousa disse que "não é aceitável que mais de um milhão e duzentos mil trabalhadores estejam condenados a trabalhar em regime de precariedade permanente, trabalhando em part-time, com falsos recibos verdes, com contrato a prazo ou outras formas de trabalho precário sempre mal remunerado".
"No nosso país existem pessoas que sobrevivem há anos neste carrossel da precariedade, que respondem a necessidades permanentes das empresas e serviços, mas que têm menos direitos e menos salário", referiu Jerónimo de Sousa, prometendo continuar a lutar contra esta realidade.
O comício do PCP realizou-se na Escola António Dias Simões, em Ovar, no âmbito da campanha nacional do partido "Mais direitos, mais futuro - não à precariedade".