Na opinião do antigo ministro dos Negócios Estrangeiros, Luís Amado, a moção de censura apresentada pelo PS e chumbada na Assembleia da República pelos partidos da maioria governativa “representa uma cedência da direcção do PS a vozes críticas de fora e mesmo de dentro do PS que entendem que o Governo está esgotado e deve cair”.
Na TSF, Luís Amado diz entender, por isso, que “é um mau princípio” e, do seu ponto de vista, “revela imaturidade democrática”. O ex-governante refere que, por exemplo, “em França, no Reino Unido ou aqui ao lado em Espanha, as popularidades dos respectivos governos são, eventualmente, até mais frágeis em termos de sondagens do que as popularidades que têm os partidos da coligação [PSD/CDS] em Portugal” e não vê “ninguém a pedir a queda do Governo”.
Neste sentido, Luís Amado classifica a moção de censura do PS “como um movimento de algum oportunismo táctico (…) à luz das dinâmicas que vêm marcando a vida interna do PS [e até] antecipando um congresso”. No entanto, não a interpreta “como um acto de ruptura tão dramática como a que se pretende imprimir”, ainda para mais “com a inevitabilidade, a curto prazo, de o Governo cair”.
Nestas declarações à TSF, o antigo ministro admitiu ainda que uma remodelação do actual Governo pode ser uma saída e que a manifestação pública dessa intenção da parte do CDS “não representa (…) uma quebra da legitimidade do Governo. Pelo contrário, é uma condição para que a legislatura possa prolongar-se e atingir o seu fim”.