“Sou um defensor do Estado Social. A ideia um pouco troikiana que há por aí é que a competitividade da Europa se fará à custa da destruição do Estado Social Europeu. É um erro enorme”, frisou o também candidato do PSD à Câmara do Porto, em declarações aos jornalistas no fim de uma visita ao Serviço de Pediatria do Centro Hospitalar de S. João.
O também conselheiro de Estado admite que na actual conjuntura o poder central tenha de recuar “para salvar o essencial do Estado Social” e destacou a nova missão social dos municípios.
“Se há necessidade do Estado Social central recuar aqui ou acolá - e admito que haja para salvar o essencial do Estado Social nestas circunstâncias transitórias -, as autarquias podem elas próprias, e devem, avançar no Estado Social”, defendeu Luís Filipe Menezes.
O social-democrata lembrou ainda que o Estado Social “é uma construção abrangente, da esquerda e da direita” e que o Serviço Nacional de Saúde “nasceu em Inglaterra com o Partido Conservador”.
“É uma conquista de todos europeus. Não vamos reganhar competitividade em termos globais destruindo uma marca ética do funcionamento da Europa”, alertou o ainda presidente da Câmara de Gaia.
Para Menezes, a Europa apenas ganhará competitividade quando tiver a “coragem de acabar com dumping social vindo do Oriente”, onde “ainda não cultivam os direitos humanos os das crianças como deve ser, onde se trabalha de sol a sol com ordenados baixíssimos, onde não se respeitam regras ambientais”.
“E depois joga-se o jogo da globalização profundamente injusto, com a Europa a cumprir todas essas regras e a dizer: Então, para sermos competitivos vamos destruir o património de 50 ou 60 anos de construção do Estado Social. Eu pessoalmente sou contra. É a minha costela ideológica”, vincou.
Admitindo que a função social das autarquias não poderá “chegar de forma alargada onde o estado social chega”, porque tal “pressupõe recursos enormes”, Menezes assegurou ter como preocupação fazer do Porto “uma cidade social”.
“A nossa preocupação vai ser ter uma cidade social”, sublinhou.
“Evidentemente não podemos chegar de forma alargada onde o Estado Social chega, porque isso pressupõe recursos enormes. Mas quem vier viver para o Porto sabe que filhos não pagam livros escolares, têm vacinação gratuita, apoio a creches de proximidade e que os idosos terão apoio domiciliário no sentido lato”, observou.
Referindo-se à visita feita hoje ao “Joãozinho”, um projecto de 14 milhões de euros para construção de uma nova unidade pediátrica no “S. João”, Menezes prometeu denunciar situações de desigualdade de financiamento relativamente a instituições da capital.