No Largo do Rato, na sede do PS, António José Seguro revelou, esta tarde, que, “no essencial, não houve nada de novo nas duas reuniões” que teve hoje com o primeiro-ministro, Passos Coelho, e com os representantes da troika, salientando que “tanto o Governo como a troika insistem na via da austeridade”. Uma política que, sublinhou o socialista, “não atinge nenhum dos objectivos do memorando, provoca mais desemprego, uma espiral recessiva e o empobrecimento do nosso País”.
Questionado sobre o convite feito por Passos Coelho, o líder socialista afirmou que não só o PS como “todo o País ficou surpreendido pela iniciativa do primeiro-ministro”, frisando porém que o convite “significa apenas que da parte do Governo houve uma mudança de atitude”, lembrando que “depois de conhecidos os resultados de 2012, e a avaliação de 2013, o PS teve oportunidade de escrever à troika, de agendar um debate de urgência no Parlamento, mas da parte do primeiro-ministro houve sempre uma indisponibilidade para aceitar as propostas do PS”. Propostas essas que, Seguro garantiu ter “reafirmado” no encontro com Passos.
"O PS não apoiará medidas que visem desmantelar o Estado Social, defende a renegociação das nossas condições de ajustamento com o objectivo de o País dotar-se de um programa realista e credível, tendo em conta as consequências sociais (o desemprego) e económicas. Reafirmo a necessidade de o nosso País se dotar de uma agenda para o crescimento e emprego", frisou o secretário-geral do PS, sustentando que Portugal tem de estabilizar a sua economia "investindo, garantindo financiamento a taxas a juros adequados para as nossas empresas e políticas de fomento da procura interna", disse.
Neste contexto, António José Seguro disse ter reafirmado "o objectivo nacional de Portugal de regressar aos mercados", frisando que "tudo faremos para que tal aconteça, tal como tudo fizemos para que o País beneficiasse de mais tempo para o pagamento de parte da ajuda externa", acrescentou.
O líder do PS esclareceu também que há duas formas de submissão à troika: “Submetermo-nos ao que a troika quer aplicar”, ou seja, austeridade; ou demonstrarmos "à troika que a política que está a ser aplicada não produz resultados objectivos”, como provam “o défice e dívida acima do previsto”, e “provoca menos economia, destruição do aparelho produtivo e desemprego”.
Contudo, destacou Seguro, “ao olhar para isto a troika tenta corrigir a via da austeridade. Ora não há possibilidade, o que há necessidade é de mudar de caminho” e essa mudança deve ser feita “ao nível da zona euro e da União Europeia”, defendendo que “a actual política europeia não é amiga da economia”.
No final de cerca de 30 minutos de conferência, António José Seguro recordou ainda que "desde o início o Governo ignorou os nossos alertas e fomos sempre, sempre ignorados, até ontem (terça-feira)", sublinhando que durante esse tempo "perdemos dois anos".