"Tanto apelo ao consenso para mais austeridade, tanto apelo ao consenso tem certamente água no bico. Esse consenso de que o senhor ministro-adjunto [Miguel Poiares Maduro] falou [no último conselho de ministros] uma dúzia de vezes é um consenso imposto pela `troika´ como garantia e um consenso imposto porque é necessário um segundo resgate?", questionou o deputado João Semedo.
No debate quinzenal com o primeiro-ministro, o coordenador do BE perguntou qual é o objectivo de "tanto apelo ao consenso" e do "namoro com o PS", referindo que "já se percebeu que o Governo não poderá fugir a um segundo resgate".
"A dívida em Fevereiro era 126 por cento do PIB, quando a primeira previsão era 114, 9 por cento do PIB. Com a dívida a aumentar como é que vai conseguir financiar sem recorrer a um segundo resgate?", questionou.
O tema do "namoro com o PS" voltou ao debate na intervenção seguinte, da deputada do PEV Heloísa Apolónia, que acusou o Governo de "perder o tempo todo a namorar a troika, a namorar o PS e a namorar o CDS".
"Ou seja, isto é um namoro pegado, mas o governo não foi eleito para namorar. Pare de perder o seu tempo a pensar como é que se vai manter e se tem ou não o apoio do PS, se o CDS o trama ou não trama, e resolva por favor os problemas concretos das pessoas", pediu Heloísa Apolónia.
Sobre estas críticas, o primeiro-ministro respondeu em conjunto ao BE e ao PEV, dizendo rejeitar as "insinuações" do deputado João Semedo, relativas à eventual necessidade de um segundo resgate, e as afirmações da deputada Heloísa Apolónia.
"Quanto às minhas preocupações, elas não podem andar mais longe do romance que aqui foi apresentado pela senhora deputada e pelo senhor deputado João Semedo", disse o primeiro-ministro.
"Num aspecto, a senhora deputada está tão equivocada quanto isto, é que eu namorar, tenho felizmente namorado com a minha mulher", disse Passos Coelho.