“Na verdade, parece que o Presidente deixou de ser de todos os portugueses e partidariamente neutral – como manda a Constituição – para passar a ser o chefe efectivo do Governo, como já tinha dito Sócrates”. Esta é a leitura que o antigo Presidente da República, Mário Soares, faz do discurso do 25 de Abril de Cavaco Silva, apelidando-o de “partidário” e de “anticonstitucional”.
Num artigo que assina hoje no Diário de Notícias, Soares considera que se tratou de “um discurso que revelou uma personalidade de alguém que raramente fala, que cai em contradições e que os portugueses, como as sondagens revelam, não tomam, nos últimos tempos, muito a sério”.
Não obstante, para o histórico socialista, a intenção de Cavaco teve o efeito contrário do pretendido, sendo que “o Governo, como os dias seguintes têm vindo a comprovar, está não só paralisado (…) mas mais: desarticulado, com cada ministro a pensar pela sua cabeça nas últimas reuniões”.
Soares deixa ainda um conselho ao ministro dos Negócios Estrangeiros. “Paulo Portas não pode continuar a dar uma no cravo e outra na ferradura”.