"Está a contornar e a iludir o acórdão do Tribunal Constitucional", completou o dirigente bloquista, no início da sua intervenção em mais uma sessão do Clube dos Pensadores, em Gaia.
João Semedo disse que "as medidas anunciadas são de uma extrema gravidade", representando, em sua opinião, "uma violência contra o Estado moderno e democrático, que se construiu nos últimos 40 anos e uma violência para quem tem, ao longo dos anos, construído este Estado, referindo-se neste caso, "aos funcionários públicos".
"O que hoje o primeiro-ministro anunciou foi uma vaga de despedimentos como nunca houve em Portugal, na administração pública, foi o embaratecimento do trabalho dos funcionários públicos e foi mais um ataque aos pensionistas e reformados", continuou.
João Semedo prosseguiu a sua análise ao que o primeiro-ministro, Passos Coelho anunciou através da televisão de Portugal, frisando que "a primeira conclusão política que se tem de tirar é que o Governo não está a reforma o Estado, está destruir o Estado".
"Em segundo lugar, não está a cumprir o acórdão do Tribunal Constitucional, está a contornar e a iludir o acórdão do Tribunal Constitucional", continuou.
O coordenador bloquistas apontou uma terceira conclusão, que, no seu entender, talvez seja a "mais importante: que se desiludam aqueles que julgam que estas medidas vão apenas afectar os funcionários públicos, os pensionistas e os reformados".
"Estas medidas, reduzindo ainda mais o já pequeno poder de compra dos portugueses, em geral, irão ter efeitos recessivos brutais, irão desmembrar ainda mais o já frágil tecido económico e provocarão uma nova onda de recessão, agravando o colapso económico em que o País está mergulhado", sustentou.
Para João Semedo, "estas medidas vão, em breve, ter uma consequência muito negativa sobre todo o sector privado", apesar de serem um "ataque aos funcionários públicos e à administração pública"
"A economia não vai aguentar estes impactos recessivos destas medidas" porque, argumentou ainda João Semedo, "o sector público, pelo poder de compra que gera, deixa de promover o desenvolvimento e crescimento económico e as empresas vão continuar a ressentir-se desta situação, vão continuar a emagrecer, a fechar e a falir".
O que daí resultará é que "os despedimentos no sector privado vão crescer", fazendo com que o desemprego continue a crescer.
"Estas medidas vão atingir toda a sociedade e mais longe vamos ficar daquelas metas relativamente ao défice e à dívida que têm justificado todas esta austeridades, sem qualquer resultado prático ", resumiu.