Poucas horas depois de, na sexta-feira, Passos Coelho ter anunciado ao País num novo pacote de medidas de austeridade, Paulo Portas resolveu que também ele teria que falar aos portugueses. A declaração foi agendada para as 19 horas de hoje e, apesar de se especular sobre o conteúdo preciso do discurso, certo é que este se vai debruçar sobre os novos cortes a aplicar aos portugueses.
Luís Marques Mendes, Conselheiro de Estado, disse ontem no seu habitual comentário na SIC que não acredita que Paulo Portas ponha um fim à coligação, pois “percebe que seria um suicídio político”. Para o antigo líder do PSD, o parceiro da coligação governamental “vai discordar de algumas medidas anunciadas”, em especial, daquelas que dizem respeito aos pensionistas. No entanto, Marques Mendes acredita que o discurso de Paulo Portas será um “aviso”, não só ao primeiro-ministro, mas também à troika.
“Ele vai fazer um aviso à troika e ao primeiro-ministro como quem diz: ‘ou fazem algumas mudanças ou mais dia, menos dia, vamos ter problemas na coligação’”, referiu.
No sábado, o Chefe de Governo envolveu o parceiro de coligação neste processo, ao afirmar que Paulo Portas contribuiu para as medidas de contenção da despesa pública que apresentou ao País.
"No menu de medidas apresentadas, há várias que decorreram do seu empenho pessoal, da sua tentativa de melhorar as propostas dentro do Governo e de tornar as soluções (...) menos penosas para as pessoas", afirmou Passos Coelho, em Pombal, à entrada para o almoço comemorativo do 39.º aniversário do PSD.
A comunicação de Paulo Portas ao País surge 48 horas depois de Passos Coelhos ter anunciado um novo pacote de medidas com o objectivo de poupar 4,8 mil milhões de euros até 2015. O Executivo vai aumentar o horário de trabalho da função pública das 35 para as 40 horas, reduzir em 30 mil o número de funcionários públicos, vai aumentar a idade de reforma para os 66 anos, criar uma contribuição sobre as pensões e aumentar as contribuições para os subsistemas de saúde dos trabalhadores do Estado (nomeadamente a ADSE), em 0,75 pontos percentuais, já este ano, e 0,25, no início de 2014, entre outras medidas.
Veja aqui a lista completa das medidas anunciadas por Passos Coelho.