“O Presidente da República devia, no estado de emergência em que nos encontramos, chamar a si uma reforma que dure além das legislaturas, para que as agendas partidárias não sejam postas à frente dos interesses do país”, sustentou António Saraiva durante a conferência sobre 'Risco País' hoje promovida pela Coface no Porto.
Segundo o presidente da CIP, “é o senhor Presidente da República que, do alto da sua magistratura de influência, tem essa capacidade de chamar os partidos políticos para acordos de incidência parlamentar, para que se coloquem de acordo nas reformas que são transversais às legislaturas, nomeadamente da administração pública, da justiça e fiscal”.
“Há um conjunto de reformas que tardam a ser feitas, o que prejudica o desenvolvimento económico, e que, sendo transversais às legislaturas, são problemas comuns a todos os partidos com assento parlamentar. Então, que os partidos coloquem o país à frente das suas agendas partidárias e deem à economia esta nova capacidade de, com estabilidade política assente nessa ampla maioria parlamentar, podermos promover as reformas sem conflitos”, explicou.
“Aguardemos que o senhor Presidente da República, à medida que vai constatando estas necessidades, atue no sentido de as corrigir”, acrescentou.
Para António Saraiva, a “estabilidade política e a estabilidade social” são, aliás, “os dois grandes pilares” da retoma do crescimento económico, que só será possível se se “promover o investimento e o acesso ao crédito e der às empresas um ambiente diferente, para melhor, do que têm tido ultimamente”.
“Deem-nos condições, deem-nos estabilidade política, deem-nos um ambiente promovendo as reformas que são necessárias, da justiça económica, da administração pública, menos Estado, menores impostos, para que as empresas tenham previsibilidade fiscal e possam fazer a sua quota parte sem este obstáculos no caminho”, defendeu.
Questionado sobre a aparente aproximação entre a UGT e a CGTP, o presidente da CIP considerou-a “perfeitamente natural”, embora “cada uma delas tenha o seu código genético”.
“A UGT tem pautado a sua atuação pelo diálogo social e não creio que o vá abandonar, mas percebo que, na situação de emergência em que nos encontramos, os trabalhadores e as duas centrais que os representam tenham alguma uniformidade de critérios e de soluções para procurarem, em conjunto, resolver os problemas que a ambas aflige”, disse.
Neste contexto, António Saraiva não acredita que esta aproximação venha a colocar em causa a paz social: “Só vejo com bons olhos termos todos o mesmo registo para, em Concertação Social, encontramos as soluções para o que a todos aflige”, concluiu.