“Já não temos idade para brincar aos generais”, começa por sublinhar Miguel Sousa Tavares numa extensa entrevista publicada hoje no Jornal de Negócios. E prossegue: “O pior que nos pode acontecer é um Beppe Grillo, um Sidónio Pais. Mas não por via militar”.
Nesta senda, questionado sobre se um dia nos pode “calhar um ditador populista, um palhaço”, numa alusão a declarações de Pacheco Pereira, Sousa Tavares responde: “Nós já temos um palhaço. Chama-se Cavaco Silva. Muito pior do que isso, é difícil”.
O comentador político e escritor, que lança agora a sua obra mais recente, ‘Madrugada Suja’, faz notar, no mesmo tom cáustico, que “estamos hoje reduzidos aos Passos Coelhos e Antónios Josés Seguros. Que são o grau zero da política”.
No entender de Sousa Tavares, “os três mal endémicos de Portugal são a dependência do Estado, o poder das corporações e a inveja”, lembrando, a este propósito, uma tese do seu pai a qual indicava “que os países não progridem sem elite e que a elite portuguesa morreu toda em Alcácer-Quibir”.
O escritor define ainda os portugueses como ora sendo “escravos”, ora sendo “reis”. “São capazes do melhor e do pior”, concretiza Sousa Tavares.