“O medo é que manda na vinha…”. A expressão pertence ao antigo chefe de Estado, Mário Soares, e foi empregue numa entrevista concedida ao jornal i para explicar por que razão o ministro dos Negócios Estrangeiros e líder do CDS, Paulo Portas, não fez ainda cair a coligação Governamental.
“Paulo Portas tem sido chantageado pelo Governo por causa do processo dos submarinos e dos carros de combate Pandur”, revela Soares, que acusa o Governo de Passos Coelho de não falar “com o povo que o elegeu”. Como tal, e não podendo “sair à rua sem ser vaiado, já não tem legitimidade, ou então é porque já não estamos em democracia”.
O histórico socialista considera também que Portugal pode vir a ser o primeiro país a acabar com a austeridade, à semelhança do que fez com a ditadura, observando que “o neoliberalismo, a ideologia que provocou a crise, está moribundo e não vai perdurar muito”.
Nas palavras de Mário Soares, até a “senhora Merkel, agora, está a mudar, porque a Alemanha corre o risco de entrar em recessão”, assinalando, ao mesmo tempo, que “Durão Barroso tem variado muito” e que “hoje, poucos dos seus pares o tomarão a sério…”.
Com a devida ressalva de que é agnóstico, o ex-Presidente da República não deixa ainda de realçar que “este Papa é uma dádiva. Não sei de quem, mas é uma dádiva. Todos os dias fala contra a austeridade”, concretiza.