À margem do ‘European Day’ do grupo NYSE Euronext, em Nova Iorque, o presidente do BESI, José Maria Ricciardi, comentou em entrevista ao Diário Económico a actual situação política e económica em Portugal, considerando que “era preferível que o PS (…) se entendesse melhor com os partidos que estão no poder”. Ainda assim, o banqueiro reconhece que “também houve erros da parte do Governo” na forma como tratou “durante muito tempo” o maior partido da oposição.
Ricciardi lembra que “temos uma maioria no Parlamento”, pelo que não crê que “haja muito a ganhar com eleições agora”. Além disso, acrescenta, “se olharmos para as sondagens fica claro que o PS não conseguiria maioria clara”, pelo que temos mais “a ganhar se isso não acontecer até ao fim da legislatura”.
Mas nem por isso o presidente do BESI deixa de dar recados ao Governo, sublinhando que “se quer chegar ao fim [do mandato] tem claramente de rever alguns aspectos”, não só “comportamentais com o PS” mas também em relação ao seu discurso. “Não se pode falar uma vez de crescimento sem consequência, e depois passar dois meses a falar de impostos e austeridade”, declara Ricciardi, frisando que o Executivo deve levar “mais a sério as expectativas dos agentes económicos”.
Nesta entrevista a partir de Nova Iorque, o banqueiro salienta ainda “o grande aumento da poupança em detrimento do consumo”, registado em Portugal, “porque há medo e incerteza”. É por isso preciso “dar confiança aos agentes económicos” através de um discurso virado para o “crescimento e investimento”.