Paulo Trigo Pereira que conquistou, com o livro ‘Portugal: Dívida Pública e Défice Democrático’, o prémio de ‘Melhor Livro de Economia e Gestão’ diz em entrevista ao Diário Económico que “a mensagem” que tenta transmitir com esta obra é a de que “a democracia [portuguesa] está bloqueada e que é importante desbloqueá-la”.
Esta “pequenina” obra, como classifica, fala sobre como chegámos “a esta situação de dívida e défice” e “a razão que leva todas as democracias a produzir estes défices”, designadamente “a nossa”.
Uma das explicações, revela Paulo Trigo Pereira, “é não haver ‘think tanks’ que pensem o País, as políticas públicas, as instituições”. Neste ponto, o economista considera que Portugal tem ainda um défice em comparação com “os países europeus mais desenvolvidos”, onde os ‘think tanks’ existentes sabem que “não é só preciso o Estado e o mercado, mas também uma sociedade forte, activa e interveniente”.
“Portugal não tem isso e essa é uma fraqueza da nossa democracia”, afirma. Mas há mais “fraquezas” além desta, como “os partidos políticos”, que “estão completamente fechados” e “deviam fazer uma reflexão aprofundada sobre os temas da agenda política nacional” para “fazerem propostas consistentes”. A juntar a isto, refere Paulo Trigo Pereira, “o sistema eleitoral, que a Constituição também protege, bloqueia a nossa democracia”.
Nesta entrevista, o economista e professor universitário sustenta ainda que a sociedade portuguesa tem neste momento “vários flagelos”, nomeadamente o “desemprego”, os “idosos”, o “desemprego jovem”, e a “pobreza (…) que já entra numa classe média baixa (…) que já não tem condições de vida condigna”.
As ambições do ‘think tank’ que acaba agora de lançar passam também por “repensar a Europa”, as instituições que a compõem, o orçamento e a solidariedade europeus”, porque “o caminho que está a seguir vai levar ao colapso e à desintegração”. Ao nível nacional, Paulo Trigo Pereira destaca a necessidade de “analisar a reforma do Estado e da despesa pública”, a “reforma de todo o sistema político”, e o “desenvolvimento económico e sustentável das cidades e do território para evitar desigualdades”.