Um dos motivos que levou o ministro dos Negócios Estrangeiros e líder do CDS, Paulo Portas, a demitir-se terá sido a escolha da até aqui secretária de Estado do Tesouro, Maria Luís Albuquerque, para substituir Vítor Gaspar à frente do Ministério das Finanças.
Portas terá considerado esta nomeação uma oportunidade perdida para iniciar um novo ciclo, defendido pelo CDS, uma vez que Maria Luís Albuquerque seguirá, tudo indica, as mesmas medidas e políticas iniciadas por Gaspar, segundo um comunicado enviado por aquele que passou a ser ontem o número dois do Governo.
A decisão "é irrevogável", adianta o ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros num comunicado enviado à Lusa.
Quanto à escolha de Maria Luís Albuquerque, Paulo Portas refere nesse texto que as diferenças políticas que teve com o ministro demissionário das Finanças são conhecidas, e "a sua decisão pessoal de sair permitia abrir um ciclo político e económico diferente".
Por isso, "a escolha feita pelo primeiro-ministro teria de ser especialmente cuidadosa e consensual.(...) Expressei, atempadamente, este ponto de vista ao Primeiro-Ministro que, ainda assim, confirmou a sua escolha [de Maria Luís Albuquerque]. Em consequência, e tendo em atenção a importância decisiva do Ministério das Finanças, ficar no Governo seria um acto de dissimulação. Não é politicamente sustentável, nem é pessoalmente exigível".
"O Primeiro-Ministro entendeu seguir o caminho da mera continuidade no Ministério das Finanças. Respeito mas discordo", acrescenta Portas no mesmo comunicado.
Saliente-se que esta é a segunda saída do Executivo em dois dias, depois de Vítor Gaspar se ter demitido ontem.