“Teremos voltado ao triste tempo do fascismo?”, interroga o antigo Presidente da República, Mário Soares, num artigo de opinião hoje publicado no Diário de Notícias. A pergunta que coloca decorre da presença do Presidente da República, Cavaco Silva, do primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho, e do presumível futuro vice-primeiro-ministro e líder do CDS, Paulo Portas, na primeira missa celebrada pelo novo cardeal patriarca de Lisboa, D. Manuel Clemente.
Isto porque, acusa, Soares, foi lá posta “uma claque de capangas para bater [lhes] palmas”, o que, nas suas palavras, “é um escândalo”.
“Nenhum católico verdadeiro pode aceitar uma tal humilhação a que sujeitaram o patriarca, que julgo, não a merecia”, observa o histórico socialista, que fala mesmo numa “missa instrumentalizada pelo Governo moribundo que temos”, a qual se tornou “uma vergonha inaceitável”.
E, conclui o antigo chefe de Estado, “se a Igreja não deve intrometer-se na política, a verdade é que os políticos também não devem aproveitar-se da Igreja para fazerem propaganda”.