“Ambos perderam, Passos Coelho e Paulo Portas. Devo dizer que, contrariamente à generalidade das pessoas que tenho ouvido, penso que Paulo Portas perdeu mais. Do ponto de vista da sua credibilidade pessoal ficou em negativos, visto que não foi aquele que se demitiu irrevogavelmente, entendeu que fazer parte do Governo em condições políticas insanáveis seria uma dissimulação e portanto arranjou para si próprio o cognome de Paulo, o dissimulador”.
As declarações pertencem ao comentador e ex-ministro de Sócrates, Augusto Santos Silva, que ontem à noite, na antena da TVI24, não poupou farpas à chave encontrada pelo primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho, e pelo líder do CDS, Paulo Portas, para desbloquear a crise política que ameaçava a coligação governativa e, por conseguinte, o Governo.
“Paulo Portas é obrigado a abandonar a sua zona de conforto dos Negócios Estrangeiros e vai passar a ter que responder pelos valores da taxa de desemprego, pelos valores da recessão económica, pelos cortes na administração pública, pelos cortes de despesa comprometidos com a troika, pelas dificuldades em convencer a troika da justeza das posições portuguesas a favor de um reajustamento”, observou o socialista, reportando-se às presumíveis novas funções do presidente dos centristas. Se o Presidente da República aceitar a proposta de Passos Coelho, saliente-se, Portas assumirá o cargo de vice-primeiro-ministro, com a coordenação das políticas económicas, da reforma do Estado e do relacionamento com a troika.
Desta feita, concluiu Santos Silva, “Paulo Portas vai ficar com a cruz do Governo, remetendo o primeiro-ministro para a zona de conforto da soberania”.
