“Passei a considerar, desde há bastante tempo, que a eleição deste Presidente foi um dos problemas maiores que nos aconteceram depois do 25 de Abril de 1974 e, em particular a sua reeleição”. As palavras pertencem ao antigo secretário-geral da CGTP, Carvalho da Silva, que em entrevista ao Diário Económico acrescenta que Cavaco Silva “não ajudará à resolução dos problemas dos portugueses”.
O ex-dirigente sindicalista confidencia que até chegou a nutrir alguma simpatia “em relação a alguns aspectos do comportamento” do chefe de Estado aquando do cumprimento do seu primeiro mandato. Porém, a sua percepção alterou-se drasticamente com “o evoluir das coisas, com a forma como se comportou”.
Para Carvalho da Silva o cenário de eleições antecipadas será quase inevitável, e faz sobressair também que “a soberania saiu do Estado. O Estado não é soberano, as suas leis não são soberanas, a Constituição não é soberana, os órgãos de soberania não são soberanos”. Posto isto, conclui o antigo líder da CGTP, “o que passou a ser soberano foi a dívida”.
Já no que concerne ao memorando de entendimento com a troika, Carvalho da Silva não defende que o mesmo seja rasgado, mas antes tenha lugar "uma revisão profunda” do documento, do qual, salienta, constam pontos “inexequíveis”.