“Apresentei hoje o meu pedido de demissão à senhora Ministra de Estado e das Finanças [Maria Luís Albuquerque]”. Esta é a primeira frase que consta de uma declaração escrita do secretário de Estado do Tesouro, Joaquim Pais Jorge, que pode ser lida num comunicado da tutela enviado às redacções.
E, continua o governante demissionário, “as notícias vindas a público nos últimos dias, em que uma apresentação com mais de oito anos foi falseada para que incluísse o meu nome, revelam um nível de actuação política que considero intolerável”, acrescentando que "foram exploradas e distorcidas declarações" feitas "sempre de boa-fé".
"Tomei esta difícil decisão porque nunca permitirei que controvérsias criadas sobre o meu percurso profissional, que não escondi, possam ser usadas como arma de arremesso político contra o Governo", justifica Joaquim Pais Jorge no mesmo documento.
O secretário de Estado salienta ainda que sai do Executivo liderado por Pedro Passos Coelho "sem qualquer arrependimento e de consciência limpa".
Refira-se que ontem à noite o Ministério das Finanças argumentou que o documento que prova a presença de Pais Jorge em reuniões com o Governo de Sócrates, em 2005, tinha sido manipulado.
À data, o governante demissionário integrava o Citigroup que tentou vender ao Estado português contratos swap por forma a mascarar a dívida pública e o défice do País. Pais Jorge negou, num primeiro momento, qualquer envolvimento nessa operação, mas veio, mais tarde, a contradizer-se.
Aliás, foi o próprio colega do Executivo, o secretário de Estado Pedro Lomba, quem admitiu, também ontem, que este processo estava envolto em "inconsistências".
Veja aqui o comunicado na íntegra.