Zoom admite ter encerrado conta de ativistas que assinalaram Tiananmen

O serviço de videochamada Zoom admitiu hoje ter encerrado temporariamente a conta norte-americana de ativistas que assinalaram o 31º aniversário do massacre da Praça de Tiananmen, suscitando dúvidas sobre a independência da empresa face a Pequim.

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Lusa
11/06/2020 19:00 ‧ 11/06/2020 por Lusa

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Ativistas dos direitos humanos exilados nos Estados Unidos usaram o programa para organizar uma vigília virtual com mais de 250 pessoas, visando homenagear as vítimas da intervenção militar que, na noite de 03 para 04 de junho de 1989, pôs fim a sete semanas de protestos pró-democracia.

O episódio é considerado tabu na China, não sendo reconhecido por Pequim.

Uma semana depois, a conta foi encerrada sem explicação, e só voltou a ser reativada na quarta-feira, segundo Zhou Fengsuo, co-fundador da associação de ativistas e uma das pessoas mais procuradas por Pequim depois de Tiananmen.

A empresa admitiu que encerrou a conta e que voltou a restabelecê-la mais tarde.

"Como qualquer empresa global, devemos respeitar as leis em vigor nas jurisdições em que operamos", disse um porta-voz da Zoom Video Communications. "Quando uma reunião é organizada em vários países, os participantes nesses países devem respeitar as respetivas leis locais", acrescentou.

Os ativistas manifestaram indignação, acusando a empresa de ter agido sob pressão do regime chinês.

"Neste caso, a Zoom é cúmplice da tentativa de apagar a memória do massacre de Tiananmen, em colaboração com um governo autoritário", afirmou a organização China Humanitária, em comunicado.

A organização disse que o Zoom é um serviço "essencial" para manter contacto entre as pessoas na China, apesar da censura.

Pequim criou um sistema sofisticado de censura para proibir qualquer informação que deslegitime o Governo.

O seu vasto mercado constitui regularmente um dilema para os gigantes tecnológicos norte-americanos, que se orgulham em permitir total liberdade de expressão nos Estados Unidos.

A Zoom Video Communications registou um crescimento astronómico desde o início do confinamento a nível global, com empresas, escolas, indivíduos e instituições a recorrerem aos serviços de videochamada para manterem as suas operações, durante a pandemia.

As receitas da Zoom para o primeiro trimestre fiscal mais do que duplicaram, em relação ao mesmo período do ano passado, para os 328 milhões de dólares (293 milhões de euros), com os lucros a dispararem de 198 mil dólares há um ano para os atuais 27 milhões de dólares.

A subida da sua cotação já coloca a Zoom com um valor bolsista de 59 mil milhões de dólares, mais do que a soma do valor de mercado de cada uma das quatro maiores transportadoras aéreas dos EUA, que viram o seu negócio pulverizado pelo surto do novo coronavirus, que reduziu dramaticamente as viagens aéreas.

A empresa foi fundada há nove anos por vários sócios, entre os quais o atual presidente executivo, Eric Yuan.

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