Portugueses gerem melhor redes sociais, mas falta privacidade

Meia década depois do 'boom' das redes sociais, os portugueses gerem melhor a sua presença online e têm mais consciência do que publicam, mas continua a faltar uma verdadeira cultura digital sobre privacidade e segurança, defendem especialistas.

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Lusa
29/06/2014 10:25 ‧ 29/06/2014 por Lusa

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"As pessoas já aprenderam a fazer uma melhor gestão e a pesar as consequências daquilo que divulgam", disse à agência Lusa Patrícia Dias, coordenadora da Pós-graduação em Comunicação e Media Sociais da Universidade Católica.

Ouvida pela agência Lusa a propósito do Dia Mundial das Redes Socias, que se assinala na segunda-feira, a investigadora, que estuda o impacto das redes sociais na reputação das empresas e organizações, reconhece que, apesar desta maior consciência, continuam a surgir crises nas redes sociais por causa da avaliação insuficiente das consequências de determinadas publicações.

Para a investigadora, a exposição da privacidade pode sempre prejudicar a pessoa que a expõe, por exemplo, na procura de emprego, mas as empresas "têm hoje expectativas diferentes em relação ao que as pessoas divulgam".

"O conceito de privacidade está a mudar muito. Em termos de recrutamento, por exemplo, se no início os recrutadores achavam muito chocante ver um jovem com uma garrafa de cerveja na mão, hoje o que choca é o Facebook de um jovem que aparece sempre a ler ou a estudar, rodeado de livros, porque não é genuíno", disse.

"Há uma maior coincidência e integração do que as pessoas são offline e online e uma reformulação completa do conceito de privacidade. As pessoas expõem muita da sua privacidade voluntariamente e não se sentem mal com isso", acrescentou.

Para Pedro Rebelo, consultor em redes sociais, os portugueses "estão mais à vontade" nas redes sociais, mas não têm necessariamente maior cultura digital.

"Na generalidade não me parece que as pessoas tenham um melhor entendimento das redes sociais hoje do que tinham há cinco anos. Sentem-se mais à vontade, mas não quer dizer que as conheçam melhor. Continuam a colocar toda e qualquer fotografia nas redes sociais e dizem: 'Agora já sei, só ponho para os amigos. Mas nos sabemos que pôr para os amigos é o mesmo que por para toda a gente porque não sabemos o que todos os amigos fazem com aquilo que lá colocamos", disse.

Pedro Rebelo, que está a concluir um mestrado em Ciências da Comunicação, Culturas Contemporâneas e Novas Tecnologias, defende que é necessário uma maior cultura digital, especialmente nas questões da privacidade e segurança, que considera serem pouco faladas e pensadas.

"No caso das redes sociais, o virtual não é o oposto do real. A minha presença online é uma presença real e tem consequências", sustenta Pedro Rebelo, que é um dos participantes habituais dos pequenos-almoços da Associação para a Promoção e Desenvolvimento da Sociedade de Informação.

A iniciativa promove a troca informal de ideias sobre a influência das redes sociais na sociedade e conta com a participação de associados, empresários, académicos, consumidores ou simples curiosos, explicou à agência Lusa Ana Neves, coordenadora do grupo Web 2.0, que promove os encontros.

Depois dos negócios, o mais recente pequeno-almoço analisou o impacto das redes sociais no amor. Estão previstos outros encontros sobre educação, saúde ou justiça.

Segundo Ana Naves, estes encontros têm revelado que existe "muito desconhecimento" dos aspetos legais e de segurança que envolvem as redes sociais, bem como da forma de tirar melhor partido das suas funcionalidades.

O Facebook é a rede social mais usada em Portugal e onde 98 por cento dos utilizadores de redes sociais têm perfil, segundo o estudo Sociedade em Rede 2014, do Observatório da Comunicação.

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