Preservação de arquivos musicais em ambiente digital

A preservação digital do património musical é o tema que reúne hoje, em Lisboa, especialistas preocupados com a precaridade do suporte, que vão debater estratégias para o futuro, disse à Lusa fonte da organização.

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Lusa
15/01/2015 07:24 ‧ 15/01/2015 por Lusa

Tech

Debate

O encontro intitulado "SOS Digital -- Património musical e preservação digital: Atualização do estado atual do projeto continuidade digital e o universo da música", realiza-se a partir das 14:30, no espaço O'culto da Ajuda, em Lisboa.

Em debate vai estar "a problemática do património digital, que aparece como sendo muito mais frágil e potencialmente muito menos perene, por causa da evolução tecnológica", disse à Lusa o compositor e músico Miguel Azguime, diretor do Centro de Investigação & Informação da Música Portuguesa, um dos participantes no encontro.

Azguime salientou que, "ao contrário do que todos supõem, as plataformas digitais são mais perecíveis do que os tipos de arquivos que as antecederam".

Uma das preocupações dos arquivistas é "a sucessiva alteração de suportes e sistemas operativos, impedindo, por exemplo, que um documento guardado em MS-DOS, não seja acessível".

Outro caso prende-se com "a durabilidade e resistência de um disco compacto", que, atualmente, se confronta "com a impossibilidade técnica de o ler, quando a maioria dos equipamentos já não tem essa valência".

"É essencial alertar os governos para o facto de a nossa memória coletiva correr o risco de desaparecer, e não somos nada sem memória", alertou o músico, lembrando que a preservação em plataforma digital "exige um esforço de manutenção, que implica meios humanos, técnicos e financeiros de alguma monta".

O ponto de partida do encontro é o projeto "Continuidade Digital", da Direção-Geral do Livro, dos Arquivos e das Bibliotecas (DGLAB), com a qual se criou a Rede de Preservação Comum de Património Digital, para se lançar "uma série de SOS Digitais dedicados às diversas comunidades de práticas, desde os museus às televisões, passando pelo jornalismo e a música", explicou.

Azguime citou dados da situação em França, onde 20% do material arquivado no Instituto Nacional do Audiovisual, durante a segunda metade do século XX, "está definitivamente perdido e, do que se desenvolveu neste Instituto, desde finais de 1980, pensa-se que 70% não é recuperável".

Hoje, Miguel Azguime apresentará a comunicação "À procura de um arquivo dinâmico e inteligente para as obras musicais digitais. Histórias, contextos e perspetivas", enquanto Andreia Nogueira, investigadora da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Nova, irá lançar a proposta "Pensar o futuro da música contemporânea com o advento da tecnologia digital".

O encontro n'O'Culto Ajuda conta ainda com António de Sousa Dias, compositor, professor e investigador no Instituto Superior Autónomo de Estudos Politécnicos (IPA) e na Universidade Católica Portuguesa, e termina com um debate sobre esta temática, com os especialistas da DGLAB Francisco Barbedo, Mário Sant'Ana e José Furtado.

 

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