Cientistas do Porto querem detetar planetas parecidos com a Terra

Cientistas do Porto do Instituto de Astrofísica e Ciências do Espaço (IA) estão a criar, em parceria com outros investigadores de países europeus, um instrumento que permite procurar e detetar planetas parecidos com a Terra, capazes de suportar vida.

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Lusa
18/02/2016 10:32 ‧ 18/02/2016 por Lusa

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ESPRESSO

De acordo com um dos investigadores envolvidos no projeto, Pedro Figueira, o espetrógrafo ESPRESSO (utilizado para deteção de planetas) é o "instrumento de 'caça de planetas' mais preciso que alguma vez se construiu".

Em declarações à Lusa, Pedro Figueira indica que "de cada vez que se pretende detetar um planeta mais leve, é necessário melhorar a capacidade de análise da luz", sendo "o objetivo atual detetar um planeta como a Terra, com uma massa ligeira comparada com outros planetas".

"O que fazemos é separar a luz nas diferentes cores e, ao fazê-lo, verificamos que há uma presença de riscas de vários elementos químicos. Quando um planeta orbita em torno de uma estrela, altera a frequência desse espetro eletromagnético, o que leva a que a posição das riscas, muito bem definidas pela física atómica, oscile ligeiramente. Através dessa observação, conseguimos verificar se existe um planeta a orbitar a estrela", explica o investigador.

O espetrógrafo de alta precisão, construído para ser utilizado pelo conjunto de telescópios óticos VTL (Very Large Telescope), vai ser instalado no mesmo observatório astronómico onde se encontram os telescópios pertencente ao Observatório Europeu do Sul (ESO), no Chile, entre o final de 2017 e o início de 2018.

Outro dos objetivos do projeto é, segundo o investigador Carlos Martins, o melhoramento dos "testes da universalidade das leis da física que já existem, de forma a perceber se a física que se conhece é exatamente a mesma em pontos distantes do universo ou se varia nas diferentes regiões".

O ESPRESSO é o "primeiro projeto com uma liderança portuguesa", indica o investigador e coordenador Nuno Santos, acrescentando que o investimento total foi de cerca de 15 milhões de euros, tendo a contribuição nacional excedido os dois milhões, o que permite a Portugal "liderar a exploração científica deste instrumento e envolver várias empresas nacionais na construção de componentes tecnológicos", como é caso da HPS, da Ernesto São Simão e da Tecnogial.

Em conjunto com o projeto CHEOPS -- que permite medir a dimensão dos planetas -, também desenvolvido pelo instituto, é possível ter uma ideia do tipo de planetas que está a observar (se é rochoso, gasoso, se tem metais, rochas, entre outros materiais), indica o investigador Sérgio Sousa, que faz parte do grupo de referida investigação.

O Instituto de Astrofísica e Ciências do Espaço resulta da fusão do Centro de Astrofísica da Universidade do Porto (CAUP) e do Centro de Astronomia e Astrofísica da Universidade de Lisboa (CAAUL).

O projeto conta ainda com uma participação do investigador Alexandre Cabral, do núcleo de Lisboa do IA, que coordena o desenvolvimento das componentes do instrumento (ótica, mecânica, eletrónica, software), com a colaboração dos investigadores Manuel Abreu e Pedro Santos, também de Lisboa, e Manuel Monteiro, do IA do Porto.

O consórcio responsável pelo desenvolvimento e construção do ESPRESSO é constituído por instituições académicas e científicas de Portugal, Itália, Suíça e Espanha, bem como o Observatório Europeu do Sul (ESO).

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