A composição destes restos de poeira estelar, com diâmetros compreendidos entre 8,6 e 50 micrometros, que parecem ter sido submetidos a um processo de oxidação, sugere que as camadas superiores da atmosfera eram ricas em oxigénio.
Os cientistas acreditam que as camadas mais baixas da atmosfera durante o éon Arqueano (entre 4.000 e 2.500 milhões de anos atrás) continham baixos níveis de oxigénio - menos do que 0,001% da concentração atual -, mas até agora não havia qualquer método para estudar as camadas mais elevadas.
O Geólogo Andrew Tomkins e a sua equipa da Universidade de Monash, na Austrália, recolheram e examinaram 60 micrometeoritos fósseis de calcário sedimentar na região australiana Pilbara, no noroeste do país.
Estes micrometeoritos são pequenas partículas de material cósmico que derreteu completamente através da atmosfera a uma altura de entre 75 e 90 quilómetros.
A análise química dos micrometeoritos sugere que as concentrações de oxigénio naquelas camadas atmosféricas devem ser semelhantes às encontradas na troposfera corrente.
"Graças ao uso de microscópios de alta precisão, descobrimos que a maioria destes micrometeoritos foram partículas metálicas de ferro - composição comum em meteoritos que se tornaram minerais de óxido de ferro," disse Tomkins na sua Universidade.
"Isso indica que os níveis de oxigénio eram mais elevados do que o esperado. Foi um resultado emocionante, porque é a primeira vez que alguém encontra um método para estudar a composição da atmosfera antiga da Terra", acrescentou.
Num artigo que acompanha o artigo da Nature, os especialistas Kevin Zahnle, da divisão de ciência espacial da NASA, e Roger Buick, astro-biólogo na Universidade de Washington, afirmam que a descoberta de Tomkins e da sua equipa é "surpreendente" para a comunidade científica.
Os cientistas independentes argumentam que a teoria da falta de oxigénio na era primordial da Terra (anoxia) estava, até agora, assente em "argumentos fortes".