Berlim, 09 nov - A Alemanha recorda hoje e no domingo a "Noite de Cristal", um 'progrom' antijudaico organizado pelo regime nazi há 75 anos e que revelou ao mundo a sua violência antissemita.
Na noite de 09 para 10 de novembro de 1938, e durante o dia seguinte, estabelecimentos comerciais na posse de judeus foram saqueados em todo o país, sinagogas incendiadas e 30.000 homens detidos, e de seguida deportados. Estas ações violentas provocaram 90 mortos entre a população judaica alemã.
Os nazis associaram esta explosão de violência a uma reação espontânea pela morte do diplomata Ernst vom Rath, que tinha sido ferido a tiro por Herschel Grynszpan, um estudante judeu de 17 anos que pretendia vingar a sua família, expulsa da Alemanha.
No entanto, os tumultos foram organizados de facto pelo regime hitleriano.
No passado sábado, numa mensagem vídeo semanal na sua página na internet, a chanceler Angela Merkel considerou estes acontecimentos "o pior momento da história alemã" e disse que o Holocausto, que se seguiu, constituiu "um acontecimento ainda mais dramático".
Merkel apelou aos alemães para "demonstrarem coragem cívica para que não seja tolerada qualquer forma de antissemitismo".
Na tarde de hoje, o Presidente alemão Joachim Gauck recolheu-se em frente ao memorial da sinagoga de Eberswalde, perto de Berlim, incendiada em 09 de novembro de 1938.
No domingo, o ministro do Interior alemão, Hans-Peter Friedrich, pronunciará um discurso numa sinagoga do centro de Berlim.
Em paralelo, e em frente à Porta de Brandeburgo, uma instalação multimédia vai apresentar pequenos vídeos contra o racismo e o antissemitismo, na presença de testemunhas que assistiram aos acontecimentos.
Na sexta-feira foi inaugurado no centro de documentação "topografia do terror" uma exposição sobre a questão que pode ser visitada até março de 2014.
Os habitantes da capital alemã também se associaram à iniciativa e mais de uma centena de lojas colocaram nas vitrinas uma fita plástica que sugeria estarem quebradas, para recordar os estabelecimentos comerciais judeus então saqueados.
A Alemanha acolhe atualmente a terceira comunidade judaica da Europa, após a França e o Reino Unido, com 200.000 pessoas.
Quando Hitler chegou ao poder em 1933, viviam na Alemanha 560.000 judeus. Mas em 1959 apenas 15.000 viviam no país.
Após a queda do Muro de Berlim, em 1898, a comunidade conheceu um renascimento, após Berlim ter oferecido a possibilidade de fixação no país de judeus dos países da ex-União Soviética.
PCR // ROC
Noticias Ao Minuto/Lusa