Pequim, 24 mar - A diretora do Banco Mundial, Mulyani Indrawati, alertou hoje para o risco de contágio financeiro na Europa, em particular nos países "mais vulneráveis", caso o plano de resgate de Chipre não evite um colapso bancário.
"O primeiro impacto no ambiente global desta situação na Europa vem da perceção, porque é psicológico. E isso é contagioso, porque vem dos mercados de capitais, do mercado de ações, do setor financeiro", disse Indrawati à margem de um fórum em Pequim.
O governo de Nicósia está envolvido numa corrida contra o tempo para concluir com os seus parceiros europeus, antes de segunda-feira, um plano de resgate financeiro, após o Parlamento cipriota ter rejeitado na terça-feira o projeto que previa o pagamento de um imposto sobre depósitos bancários.
A reunião dos ministros das Finanças da zona euro para tentar delinear um plano de resgate para Chipre, agendada para as 17:00 (hora de Lisboa), foi adiada para as 19:00, segundo adiantou à AFP uma fonte europeia.
O objetivo do projeto, agora conhecido como "plano B", é reunir os 58, mil milhões a sete mil milhões de euros que exige a 'troika' e credores internacionais para a concessão de um plano de resgate de 10 mil milhões de euros.
Chipre deverá garantir esse montante até segunda-feira, a condição imposta pela 'troika' para desbloquear o resgate e sem o qual o Banco Central Europeu (BCE) já ameaçou interromper o envio de liquidez de urgência para os bancos insolúveis, condenando-os na prática à falência.
A União Europeia, e em particular a Alemanha, têm vindo a sugerir que o risco de contágio é limitado, dada a dimensão de Chipre, uma ilha de um milhão de habitantes.
Apesar do arrastar das negociações, a agitação nos mercados financeiros europeus tem sido contida.
Segundo Indrawati, se o plano para Chipre for mal recebido o contágio pode ameaçar outras nações "vulneráveis", em particular na Europa.
"Temos de observer muito de perto o que está a acontecer no Chipre (...) Não apenas a psicologia, mas... o acordo relacionado com o sistema bancário e o tratamento de depósitos", adiantou.
"A economia global não pode arriscar-se a mais volatilidade novamente. É por isso que os decisores políticos precisam de tomar decisões acertadas de uma maneira rápida, para reduzir a volatilidade e incerteza", disse.
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