Gondomar, 08 jun - O secretário de Estado do Ensino Básico e Secundário considerou hoje "muito sensata" a proposta do primeiro-ministro para que os sindicatos dos professores canalizem o seu protesto para a greve geral marcada para 27 de junho.
João Grancho falava esta tarde à margem da sessão final do XXXVIII Encontro Nacional das Associações de Pais, que teve lugar em Gondomar, sob o lema "Paradigmas da Educação".
Passo Coelho propôs hoje, sob a forma de um apelo, que os sindicatos transfiram o seu protesto para dia 27, suspendendo a paralisação convocada para dias de avaliações e exames nacionais.
"Há uma greve geral que foi marcada para o final do mês. As razões que possam assistir aos sindicatos podem perfeitamente passar para essa greve geral e não para uma greve que tenderá a penalizar sobretudo os estudantes e as suas famílias", afirmou Pedro Passos Coelho.
Para João Grancho, o apelo do primeiro-ministro é "uma proposta muito sensata", porque "o que importa é libertar os alunos, deixar de os tomar como reféns num processo que divide o Ministério da Educação e sindicatos".
Os alunos do 9º ano, porém, têm exame de Matemática marcada para dia 27.
Questionado sobre esse facto, João Grancho disse que este mês há vários exames, o que deixa "pouca margem de manobra" e que levou, por este motivo, o Ministério a solicitar que o colégio arbitral defina "os serviços mínimos".
"O que custa é ver que esta greve que foi marcada para as avaliações é marcada com base em pressupostos que já não existem", considerou.
João Grancho disse que "o que estava em causa, e que se dizia, é que ia ser aumentada a componente letiva dos professores", o que, salientou, não aconteceu.
"Hoje já não há razões que sustentem a necessidade de manterem as greves, mais ainda do lado alunos", acrescentou.
João Grancho afirmou, também, que "todo o efeito acumulado das várias situações pode ter algum reflexo ao nível do início do ano letivo", podendo por em causa a sua "boa organização".
"Faço um apelo aos sindicatos para que procurem encontrar espaços e tempos para esta negociação e disponibilidade para o efeito, sabendo que temos algumas condicionantes que são inultrapassáveis" relacionadas com "medidas que são de política transversal à função pública, mas que se entrem naquilo que é essencial e é verdade", concluiu.
Depois de terem anunciado que iriam fazer greve às avaliações (entre os dias 07 e 14 de junho), e que iriam participar na greve geral de dia 17 (que coincide com o primeiro dia de exames nacionais), os sindicados decidiram depois alargar a greve por mais uns dias, depois de negociações falhadas com a tutela.
A ex-ministra da Educação, Maria de Lurdes Rodrigues, que também falava à margem do XXXVIII Encontro Nacional das Associações de Pais, defendeu que, neste caso, o que está em causa é o "alcance de um equilíbrio" entre os direitos dos alunos e das famílias e os dos professores, sendo necessários "procurar uma compatibilização" entre todos eles.
O presidente da Confederação Nacional das Associações de Pais, Jorge Ascensão, considera que a greve dos professores às avaliações terá "impactos na organização próximo ano letivo", criando "algumas instabilidade adicional também às famílias".
"Para nós, a greve não é conveniente neste momento. Gostaríamos muito que fosse possível que o Ministério e os sindicatos se sentassem a dialogar", reforçou.
AYM. // VC
Noticias Ao Minuto/Lusa