Ministro francês acusa Durão Barroso de ser "combustível" da extrema-direita

Paris, 23 jun - Um ministro francês acusou hoje o presidente da Comissão Europeia de ser "o combustível da Frente Nacional" (extrema-direita), depois de José Manuel Durão Barroso ter considerado a posição francesa sobre a exceção cultural "reacionária".

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Elsa Jacinto
23/06/2013 18:45 ‧ 23/06/2013 por Elsa Jacinto

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Paris, 23 jun - Um ministro francês acusou hoje o presidente da Comissão Europeia de ser "o combustível da Frente Nacional" (extrema-direita), depois de José Manuel Durão Barroso ter considerado a posição francesa sobre a exceção cultural "reacionária".

Durão "Barroso é o combustível da Frente Nacional. Eis a verdade. É o combustível de Beppe Grillo [cómico e político italiano líder de um movimento de contestação], declarou Arnaud Montebourg, ministro da Recuperação Produtiva, à rádio France Inter.

"Creio que a principal causa do crescente apoio à Frente Nacional prende-se com a forma como a União Europeia (EU) exerce atualmente uma pressão considerável sobre os governos democraticamente eleitos", considerou.

"Temos o presidente da Comissão Europeia que diz 'todos os que são antiglobalização, são reacionários', ou seja, pessoas que institucionalizaram a UE como antipovos europeus", acrescentou.

Para Montebourg, "a UE não se mexe, está imóvel, paralítica. Não responde a nenhuma das aspirações populares, no terreno industrial, económico, orçamental, dando razão a todos os partidos nacionalistas, mesmo antieuropeus, da UE".

Na segunda-feira, numa entrevista ao International Herald Tribune, José Manuel Durão Barroso considerou "reacionária" a exigência francesa de excluir o setor audiovisual e cultural europeu das negociações para um acordo de comércio livre com os Estados Unidos.

"Faz parte de uma agenda antiglobalização que considero completamente reacionária", disse.

Na sexta-feira passada, os ministros do Comércio da UE deram "luz verde" à Comissão para o lançamento das negociações com os Estados Unidos da América para um acordo de comércio livre.

Para conseguir uma posição de unanimidade, aceitaram, como exigia a França, excluir o setor audiovisual das negociações.

Para a ministra da Cultura francesa, Aurélie Filippetti, as declarações de Durão Barroso são "constrangedoras e inaceitáveis", enquanto o presidente francês, François Hollande, indicou ter falado com o presidente da Comissão Europeia, à margem da cimeira do G8 (que integra a Alemanha, França, Itália, Reino Unido, Canadá, Estados Unidos, Japão e Rússia), na Irlanda do Norte.

"Disse-lhe que as suas declarações tinham suscitado uma certa 'emoção', uma certa surpresa", afirmou Hollande.

Um porta-voz da Comissão, Olivier Bailly, afirmou, em Bruxelas, que as declarações de Durão Barroso não visavam a França, mas "aqueles que, em paralelo, tinham lançado ataques pessoais contra o presidente (Barroso), frequentemente violentos e injustificados contra a Comissão".

EJ // JLG

Noticias Ao Minuto/Lusa

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