Kyiv tenta voltar à normalidade com esperança em plano para a vitória

É manhã de final de verão e Kyiv luta por manter a normalidade, enquanto noutros pontos da Ucrânia se combate ferozmente o inimigo russo: no ar há fumo de incêndios - estranhamente bem-vindo - e a esperança de um plano de vitória.

© Getty Images

Mundo Ucrânia 21/09/24 POR Lusa

Trânsito, pessoas a correr na rua, outras a correr para deixar os filhos na escola e para ir de seguida para o trabalho: são 08h00 e esta poderia ser uma qualquer cidade europeia numa sexta-feira de manhã, mas é a capital ucraniana, no terceiro ano após a invasão russa em grande escala, que recebe a comitiva liderada pela presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen.

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"Foi uma noite tranquila e, pela primeira vez nalgum tempo, não tivemos alertas de ataque aéreo, que têm sido recorrentes todas as noites", comenta em conversa com a Lusa uma responsável ucraniana, que está a aguardar a chegada da comitiva europeia.

"O engraçado é que esta manhã o problema maior que temos é a poluição atmosférica devido aos incêndios na região, parece um regresso à normalidade", ironiza.

A aparente calma contrasta com a presença das centenas de soldados espalhados por vários pontos da cidade, mas até isso já não causa estranheza aos ucranianos que ficaram ou que regressaram recentemente a Kyiv.

"Tentamos seguir com a nossa vida", comenta um outro responsável, que se junta à comitiva onde Ursula von der Leyen está a ver os geradores doados pela União Europeia (UE) ao Departamento Principal do Serviço de Emergência do Estado (SES), mostrando-se minutos depois surpreendida pela inovadora escada para combate a incêndios que é controlada remotamente.

Mas os holofotes são roubados por Patron, um cão Jack Russel Terrier de deteção de munições do SES, que revela a traquinice dos seus cinco anos ao ladrar a Von der Leyen, que fica apreensiva, mas resolve dar-lhe biscoitos para fazerem as pazes.

A visita surge quando a Ucrânia está prestes a assinalar o milésimo dia de guerra e dias antes de o Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, apresentar ao homólogo norte-americano, Joe Biden, aquele que designou como o seu plano para a vitória.

Em solo ucraniano para garantir apoio da UE antes do arranque da estação fria no país, Ursula von der Leyen já teve conhecimento desse plano, para o qual o bloco comunitário é uma peça-chave, assim como os Estados Unidos (EUA) e a Organização do Tratado do Atlântico Norte (NATO), de acordo com fontes europeias ouvidas pela Lusa.

"Volodymyr Zelensky está esperançoso, mas também tem a pressão do tempo", dadas as eleições dos EUA em novembro, comenta uma dessas fontes comunitárias.

Estas fontes ouvidas pela Lusa precisaram que o plano para a vitória assenta, desde logo, numa vertente militar e prevê, para isso, autorizações dos aliados ocidentais -- da UE e EUA -- para usar armas de longo alcance doadas para atacar alvos no interior da Rússia, quando recentemente países como a Alemanha disseram que não o aprovariam.

Prevê também que a Ucrânia continue a fazer avanços no terreno contra as forças russas, o que lhe daria argumentos para obrigar a Rússia a sentar-se à mesa das negociações, nomeadamente numa cimeira de paz.

Vincando acreditar que "o plano funcionará", Volodymyr Zelensky afirmou na sexta-feira esperar o apoio de Joe Biden para "decisões rápidas".

Além do armamento doado, outra decisão que Zelensky espera de Biden é um sinal político sobre o início formal do processo de adesão da Ucrânia à NATO, segundo as fontes europeias ouvidas pela Lusa, que mostram algum ceticismo.

Outra vertente do plano, mais encaminhada, é a adesão da Ucrânia à UE, segundo funcionários europeus, que realçam os progressos nas reformas exigidas para entrada no bloco comunitário e, exemplificam, servem de "inspiração" a outros países candidatos dos Balcãs Ocidentais, na 'calha' para entrar há vários anos.

"Vamos ver o que sai dos EUA da próxima semana", adiantou um responsável europeu, admitindo que os próximos dias serão decisivos para o conflito.

De Kyiv sai, além da quase normalidade, uma boa notícia levada por Von der Leyen: uma proposta para a UE avançar com uma fatia de 35 mil milhões de euros no empréstimo de 45 mil milhões de euros (50 mil milhões de dólares) do G7 à Ucrânia, que quando for aprovada pelos colegisladores europeus (Estados-membros e eurodeputados) permitirá aos ucranianos para usar essas verbas para o que quiserem, incluindo reforçar as suas capacidades militares.

Leia Também: Rússia ameaça Portugal, Kyiv não subestima. Kamov voltam a dar que falar

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