"Eram a minha cara e voz". Montenegro apresentou queixas por cibercrime

O primeiro-ministro revelou hoje que, desde que tomou posse, já apresentou "três ou quatro queixas" por ter sido alvo de cibercrime, com vídeos a circularem que replicavam a sua imagem e voz, designadamente para vender produtos financeiros.

© PATRICIA DE MELO MOREIRA/AFP via Getty Images

País Cibercrime 21/10/24 POR Lusa

Luís Montenegro fez esta revelação durante um discurso na sede nacional da Polícia Judiciária (PJ), em Lisboa, no âmbito da cerimónia do 79.º aniversário daquele órgão de polícia criminal, no qual salientou que o seu Governo assumiu como uma das suas prioridades o combate à cibercriminalidade.

PUB

 

O chefe do executivo salientou que a cibercriminalidade "é objetivamente uma das matérias que mais coloca em causa" a segurança e, muitas vezes, "a preservação da própria identidade".

"Estava-me a lembrar que eu, desde que sou primeiro-ministro, já apresentei umas três ou quatro queixas - vou partilhar isto hoje convosco - porque, de repente, enviavam-me, amigos, intervenções minhas que não eram minhas, mas era a minha cara que aparecia e a minha voz", afirmou, referindo-se a uma técnica chamada 'deepfake' e salientando que muitas vezes ficou ele próprio a duvidar se teria dito alguma coisa de que não se lembrava.

"Uma das últimas que me enviaram - não sei em que pé esta essa investigação, também não perguntei - era o primeiro-ministro de Portugal, que está aqui a falar-vos, mais ou menos numa circunstância parecida, a vender um produto financeiro", acrescentou.

Luís Montenegro referiu que "o que vale é que estes instrumentos de inteligência artificial ainda não são suficientemente robustos e ainda têm, no caso de quem fala português, uma tendência para usar o português do Brasil".

"Portanto, percebe-se facilmente que não podia ser eu a dizer algumas coisas. Mas a dimensão do desafio que hoje todos nós enfrentamos - e quem está no terreno a investigar a criminalidade não pode deixar de ter em conta - é brutal", frisou, antes de acrescentar que "adulterar a verdade com um impacto destes é uma coisa avassaladora".

"Já não estou a falar de todos os outros crimes possíveis no ciberespaço - e que são muitos, de natureza patrimonial - mas este é mesmo de natureza identitária e qualquer um de nós pode estar sujeito a ser responsabilizado por tudo e qualquer coisa que alguém se lembre de promover", referiu.

Neste discurso, o chefe do executivo frisou que o seu Governo está "altamente comprometido" em combater todo o tipo de criminalidade, mas assumiu como prioridade, além do cibercrime, o combate à corrupção e à criminalidade que diz respeito ao tráfico de seres humanos e aos direitos das pessoas.

Sobre este último tipo de criminalidade, Montenegro frisou que o tráfico de seres humanos é precisamente "o único ponto de contacto entre uma imigração que não tem regulação e os níveis de segurança", voltando a rejeitar que haja qualquer correlação entre a imigração e o aumento da criminalidade.

"Não que os imigrantes não sejam como aos nossos nacionais: todos cometem crimes. Nós sabemos que as nossas prisões têm cerca de 15% a 17% de reclusos que são originários do estrangeiro. Estaremos mais ou menos, em termos de correlação, a acompanhar aquilo que é o desenho social que hoje temos em Portugal", disse.

No entanto, no que se refere ao combate ao tráfico de seres humanos, o primeiro-ministro frisou que, "quando não há capacidade de controlar as entradas de imigração, há um aproveitamento de redes que estão estabelecidas".

"E esse combate é mesmo um combate que nós temos de vencer para erradicar esse crime e valorizar aquilo de que verdadeiramente o país precisa, que é de mão-de-obra qualificada, pessoas que venham para Portugal ajudar o país a crescer e que venham estabelecer-se. E eu não tenho nenhum problema em dizer isto desta maneira: que venham para ser novos portugueses", disse.

Leia Também: Montenegro admite dar mais "meios técnicos, humanos e legislativos" ao MP

PARTILHE ESTA NOTÍCIA

RECOMENDADOS

País Meteorologia 21/10/24

Verão de São Martinho antecipado? Termómetros podem chegar aos 27ºC

País Braga 21/10/24

Carro desgovernado atropela criança e mulher junto a escola de Braga

País Lisboa 21/10/24

Suspeito de furto morre após ser baleado pela PSP na Cova da Moura

País Arcos de Valdevez 21/10/24

Dois idosos colhidos por touro bravo em Arcos de Valdevez

País Amadora 21/10/24

Aberto inquérito a caso de suspeito de furto morto por agente da PSP

País Vale de Judeus 21/10/24

Ministério ordena 9 processos disciplinares pela fuga de Vale de Judeus

País Lisboa 21/10/24

Acidente condiciona trânsito nos túneis de Benfica

País Aljezur 20/10/24

Pescador que caiu ao mar em Aljezur não foi encontrado. Buscas suspensas

País Montenegro 21/10/24

Decisão sobre diretor da PJ "tomada", mas "não vai ser anunciada hoje"

País Cova da Moura 21/10/24

MAI determina abertura de inquérito a morte de suspeito baleado por PSP

País Relógios 21/10/24

Não se esqueça! Relógios atrasam uma hora (já) na madrugada de domingo

País Revista de Imprensa 21/10/24

Hoje é notícia: Câmaras perdem 900 mil/dia; Obesidade? 9,6 milhões gastos

País Hora 20/10/24

É já daqui a uma semana que muda a hora. Relógios atrasam 60 minutos

País GNR 21/10/24

Colisão condiciona trânsito na A4 na zona de Valongo

País Violência 21/10/24

Jovem detido por tentativa de homicídio em plena rua no Barreiro