© Milan Jaros/Bloomberg via Getty Images
"Quando o fosso entre a base monetária tradicional e a ampla coincide, ao mesmo tempo que o problema dos stocks de dívida em moeda estrangeira é sanado e a inflação do programa é nula, ou seja, igual à induzida. Neste momento não há problemas de stock, não há problemas de fluxo e não há pesos a mais, portanto, esse é o dia em que vamos aliviar as restrições", indicou Milei, num discurso na Fundação Mediterrânica.
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"E nesse dia vamos abrir sem qualquer tipo de sobressalto, porque não há nada que vá contra o peso", explicou.
O Governo de Milei está a negociar com o Fundo Monetário Internacional (FMI), ao qual o país deve cerca de 42 mil milhões de dólares, uma dívida adicional para reforçar as reservas e poder escapar ao controlo de capitais, evitando uma corrida cambial.
"Se me derem uma réstia de esperança e eu resolver o problema do stock, vou abri-lo e retiramos as restrições. Não tenham dúvidas", alertou Milei.
A Argentina aplica fortes restrições à compra de divisas no mercado cambial oficial para evitar uma corrida cambial devido à fraqueza das suas reservas internacionais no Banco Central, cujo stock líquido de dívida é negativo, e à elevada inflação, de 209% ao ano em setembro passado.
Na terça-feira, Paolo Rocca, presidente do grupo siderúrgico argentino Techint e um dos mais importantes empresários do país, alertou que "ainda não está concluída a abertura do mercado cambial para a chegada massiva de capitais" no âmbito do Alacero Summit 2024, que terá lugar em Buenos Aires.
Milei explicou hoje que para a saída do controlo de câmbio devem ser cumpridas três condições.
A primeira é que a inflação observada, 3,5% mensal em setembro, coincide com a induzida pelo seu programa económico (2%) porque nesse dia "não haverá mais pesos excedentários" na Argentina, mas ainda assim "o programa gera um ponto da inflação", explicou.
A segunda condição é resolver o problema dos stocks em moeda estrangeira "presos" na Argentina, como os dividendos que as empresas devem enviar às suas empresas-mãe no estrangeiro, mas que estão afetados pelas restrições.
A terceira condição é que a base monetária tradicional (quantidade de dinheiro em circulação) coincida com a base monetária ampla (que soma as notas emitidas pela autoridade monetária), impulsionada pela procura de dinheiro da população, porque as empresas desmantelam a sua posição naqueles cartas para utilizar o dinheiro para produzir face ao crescimento económico.
"A solução para sair das restrições também está pensada, mas depende da decisão de cada um. Quanto mais depressa estes elementos convergem, mais próxima estará a saída das restrições", frisou Milei.
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