© Masih Alinejad
A Amnistia Internacional pediu a libertação “imediata” da estudante que foi “violentamente detida”, a 2 de novembro, depois de alegadamente se ter despido para protestar contra o assédio da Guarda Revolucionária, na Universidade Azad de Teerão, no Irão.
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“As autoridades iranianas devem libertar imediata e incondicionalmente a estudante universitária que foi violentamente detida a 2 de novembro depois de ter tirado a roupa em protesto contra a aplicação abusiva do véu obrigatório pelos agentes de segurança da Universidade Islâmica Azad de Teerão”, escreveu a entidade, na rede social X (Twitter).
O organismo sublinhou ainda que, “enquanto se aguarda a sua libertação, as autoridades devem protegê-la da tortura e de outros maus tratos e garantir-lhe o acesso à família e a um advogado”.
“As alegações de espancamento e violência sexual contra ela durante a detenção devem ser objeto de investigações independentes e imparciais. Os responsáveis devem ser chamados a prestar contas”, complementou.
Iran’s authorities must immediately & unconditionally release the university student who was violently arrested on 2 Nov after she removed her clothes in protest against abusive enforcement of compulsory veiling by security officials at Tehran's Islamic Azad University. 1/2 pic.twitter.com/lI1JXYsgtm
— Amnesty Iran (@AmnestyIran) November 2, 2024
A jornalista e ativista iraniana Masih Alinejad denunciou, no mesmo dia, que a jovem tinha sido “assediada pela polícia da sua universidade por causa do uso ‘impróprio’ do hijab”.
“Não recuou. Transformou o seu corpo num protesto, despindo-se até às cuecas e marchando pelo campus, desafiando um regime que controla constantemente o corpo das mulheres. O seu ato é uma poderosa recordação da luta das mulheres iranianas pela liberdade. Sim, usamos os nossos corpos como armas para lutar contra um regime que mata mulheres por mostrarem os seus cabelos”, escreveu, na rede social X.
In Iran, a student harassed by her university’s morality police over her “improper” hijab didn’t back down. She turned her body into a protest, stripping to her underwear and marching through campus—defying a regime that constantly controls women’s bodies. Her act is a powerful… pic.twitter.com/76ekxSK7bI
— Masih Alinejad ️ (@AlinejadMasih) November 2, 2024
Contudo, a instituição de ensino negou que a estudante tenha sido agredida pela guarda por não usar o véu islâmico e afirmou que a jovem sofre de um "distúrbio mental".
"As investigações mostram que, devido à sua perturbação mental, ela começou a filmar os colegas e o professor, que se opuseram", escreveu Amir Mahjob, diretor de relações públicas da unidade de ciência e investigação da Universidade Azad de Teerão, na rede social X.
Mahjob disse que, depois de várias tentativas de aproximação por parte dos seguranças, a jovem decidiu não se vestir, e foi levada para a esquadra da polícia.
"Após o ato indecente de um dos estudantes, a segurança da universidade interveio e entregou-a à esquadra da polícia. As razões da ação da estudante estão a ser investigadas", indicou.
Saliente-se que há dois anos que as autoridades iranianas tentam reintroduzir o ‘hijab’ com punições como a confiscação de veículos e o regresso às ruas da polícia da moralidade, que prende as mulheres que não usam o véu.
Apesar disso, muitas iranianas continuam a não cobrir o cabelo, num gesto de desobediência e desafio à República Islâmica, depois da morte da jovem Mahsa Amini, em 2022, sob custódia policial, após ter sido detida por alegadamente não usar corretamente o véu.
No final de setembro, o Conselho dos Guardiães - o órgão que veta a legislação - aprovou um projeto de lei sobre a castidade e o ‘hijab’, que endurece as penas para quem não usa o véu, podendo ir até cinco anos de prisão.
O parlamento já tinha aprovado o projeto de lei, esperando-se a sua promulgação pelo Presidente reformista do Irão, Masud Pezeshkian, que prometeu, durante a campanha eleitoral, flexibilizar o rigoroso código de vestuário do país, o que não aconteceu.
O movimento Woman Life Freedom tem sido fortemente reprimido pelas autoridades iranianas, tendo sido mortas pelo menos 551 pessoas e detidas milhares, segundo as ONG.
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