A Volkswagen apresentou recentemente o ID.5, um novo SUV elétrico que chegará ao mercado no verão de 2022. Este novo veículo da marca alemã terá uma autonomia capaz de chegar aos 520km com uma única carga e uma potência que, na versão desportiva GTX, é proporcionada por dois motores para alcançar 220kW - o equivalente a 299cv.
O Volkswagen ID.5 é um futuro promissor para a marca alemã que, neste momento, faz-se valer de dois veículos elétricos já disponíveis no mercado: o ID.3, com um preço a partir de 37.516 euros, e o ID.4, que conta com um preço base de 46.815 euros . Enquanto o primeiro é um pequeno ‘hatchback’ de preço mais acessível, o segundo é um ‘crossover’ em que se nota um pouco mais de ambição da parte da Volkswagen.
No Notícias ao Minuto tivemos a oportunidade de testar estes dois veículos e, sobretudo, a Plataforma Modular Elétrica (MEB) que serve de base para os veículos 100% elétricos movidos a bateria da Volkswagen.
Depois de conduzir estes dois veículos, fica claro que a Volkswagen tem a capacidade para se assumir no segmento de carros elétricos, ainda que tenha de dar mais alguns passos para se assumir como a favorita.
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Começando pelo Volkswagen ID.3 - que tem o estatuto de primeiro veículo 100% elétrico da marca alemã - é difícil não ficar com uma boa primeira impressão. O modelo mais avançado do ID.3 tem uma bateria que permite percorrer entre 390km e 550km, uma autonomia que dependerá unicamente do ‘peso’ do pé do condutor e do modo de condução escolhido.
A potência é de 150kW em todos os modelos e a velocidade máxima está limitada a 160km/h. No que diz respeito à aceleração, o modelo Pro Performance é capaz de ir dos 0 aos 100km/ em 7,3 segundos, com o modelo Pro S a demorar um pouco mais com 7,9 segundos.
Já no tempo de carregamento, o Pro Performance demora pouco mais de 6 horas a carregar a bateria a 100% em 11kW AC, sendo que demora 35 minutos a carregar 80% da energia total em 100kW DC. O Pro S demora 7 horas e 30 minutos a carregar 100% da bateria em 11kW AC e 38 minutos a carregar 80% da energia em 100kW DC.
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Quanto ao design exterior, o ID.3 representa o que poderíamos esperar de um ‘hatchback’ desta categoria, um veículo que parece ser feito de um único módulo. É sobretudo um design funcional, com alguns pormenores que apontam que se trata de um veículo do segmento elétrico.
Destaque para a pequena linha que liga os dois faróis e o símbolo da marca, que se ilumina sempre que o carro é destrancado. Um daqueles pormenores de design distintos e que empresta alguma personalidade a este primeiro veículo da Volkswagen.
Já o design interior, à semelhança do que acontece no exterior, é funcional. Confortável, sim, mas com as dimensões mais apertadas que é costume num ‘hatchback’ - mas não tanto na parte frontal como se encontram na maioria dos veículos desta categoria. Virtudes de não ter um volumoso motor a ocupar a área dianteira.
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O tablier é ‘limpo’ e com o mínimo de distrações possível, salvo apenas para o ecrã tátil onde podem ser encontradas todas as opções de controlo e entretenimento. O sistema por detrás deste ecrã exige alguma habituação, uma vez que algumas opções são um pouco difíceis de encontrar.
Quanto à condução, nota-se ID.3 foi criado de raiz como um carro elétrico. Tal como seria de esperar num carro elétrico, trata-se de um veículo ágil e de uma condução muito confortável e ‘sólida’. O centro de gravidade mais baixo ajudará também a tornar o veículo mais estável, algo sempre bom de encontrar um veículo de menores dimensões.
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Voltamos então as atenções para o ID.4 que, sendo um ‘crossover’, tem uma proposta muito diferente do seu ‘irmão mais velho’. Por outro lado, é de esperar que o maior tempo de desenvolvimento tenha dado à Volkswagen mais tempo para ‘afinar’ quaisquer pormenores que tenham ficado pelo caminho com o ID.3, assim como tornar a condução digna de um SUV.
Sobre as especificações do ID.4, a Volkswagen tem disponíveis dos modelos do ‘crossover’. Os interessados podem escolher entre uma versão com bateria para autonomia de 481km e uma potência de 220kW (equivalente a 299cv) e ainda outra versão com 77kWh com autonomia até 515km com uma única carga e potência de 150kW (204cv). De notar que, em ambos os casos, o ID.4 está limitado a 160km/h e tem a capacidade de ir dos 0 aos 100km/h em 8,5 segundos.
No que diz respeito ao carregamento, o ID.4 está disponível com tecnologia de carregamento que permite recarregar a bateria com 11 kW em AC e até 125kW em DC.
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A maior distinção em relação ao ‘hatchback’ está, obviamente, no design interior e exterior. O ID.4 é um veículo mais volumoso mas, apesar disso, parece apenas uma versão diferente do ID.3 e mantém linhas muito semelhantes. No final não sobram dúvidas que se trata de um carro da Volkswagen direcionado para o segmento elétrico.
O interior é onde se encontra a maior virtude do ID.4. Ao contrário do ID.3, o ID.4 tem muito mais espaço e torna-se ainda mais confortável. Neste ponto, nota-se que é um carro ideal para famílias e o uso de materiais será certamente do agrado de todos os elementos.
Infelizmente, continuamos a encontrar os mesmos problemas no sistema de informações e entretenimento acessível a partir do ecrã tátil. A habituação será essencial e ao início consegue mesmo ser pouco intuitivo, um factor a ter em conta dado que num carro da categoria do ID.4 são estes ‘pormenores’ que acabam por contar mais na decisão de quem procura um carro novo.
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Da mesma forma, o ID.4 também acaba por desiludir um pouco no departamento de condução. Não é uma má experiência de forma nenhuma, mas não é um salto em frente em relação ao ID.3 como seria de esperar.
Dado que o ID.4 é um ‘crossover’ e o segundo carro elétrico da Volkswagen, seria de esperar que oferecesse uma experiência de condução diferente do ‘hatchback’. No entant, as experiências de condução acabam por não ser substancialmente diferentes, o que é algo estranho tendo em conta que se tratam de veículos de categorias diferentes.
A decisão entre um veículo ou outro não será, portanto, uma questão de contar com uma experiência de condução especialmente diferente entre o ID.3 ou ID.4 mas sim pela configuração dos próprios carros - a nível das dimensões e de espaço interior.
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