"Conseguiremos produzir elétricos que sejam acessíveis à classe média?"
Carlos Tavares alerta para que o objetivo da eletrificação não se perca pelo caminho.
© Getty Images
Auto Carlos Tavares
O preço elevado dos automóveis, nomeadamente dos elétricos, causa alguma preocupação ao CEO da Stellantis, Carlos Tavares. Em entrevista ao site Razão Automóvel, o diretor português alertou uma vez mais para a importância de diluir os custos de produção, antes de o automóvel chegar aos consumidores.
"Seremos capazes de produzir automóveis elétricos que sejam acessíveis para a classe média? Se não tomarmos as medidas necessárias para o prevenir, dentro de poucos anos seremos confrontados com sistemas de propulsão eletrificados 40% mais caros do que os convencionais. Não podemos passar esse custo adicional para o consumidor. Se o fizéssemos iríamos perder a classe média e o mercado iria contrair significativamente", começou por dizer.
"Seria pedir àquelas pessoas que compram carros novos por valores na ordem dos 20 mil dólares [18 500 euros] para passarem a desembolsar entre 30 a 35 mil dólares [27 600 a 32 200 euros] pelo mesmo tipo de automóvel, só que elétrico. Não nos resta outra solução senão tornar-nos ainda mais produtivos e conseguir dissipar esse custo extra de 40% da tecnologia de propulsão elétrica", acrescentou.
Carlos Tavares referiu que há três alavancas que permitem atingir esse objetivo: Os custos fixos da empresa, os custos variáveis e os custos de distribuição, que é o que a Stellantis está a fazer neste momento, apesar das dificuldades provenientes da inflação, do aumento dos custos da energia e das matérias-primas.
"Na Europa, por exemplo, o volume de vendas ainda não voltou ao que era antes da pandemia, em parte porque os automóveis já estão mais caros. Por outro lado, há mais impostos, há mais taxas aplicadas na compra e na circulação dos veículos, o que ainda piora mais a situação. E se o mercado não voltar ao que era, pelo menos, temos um problema de sobre-capacidade de produção. É algo que coloca em risco a nossa competitividade e, logo, os postos de trabalho na nossa empresa", sublinhou o CEO da Stellantis.
Carlos Tavares frisou que isto já não novidade e que já vem de "há seis ou sete anos".
"Avisei os nossos governantes há muito tempo. E é isso que lhes respondo quando me perguntam se os seus eleitores têm os seus postos de trabalho garantidos", acrescentou.
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