Autarca defende redução do limite de velocidade dentro de Lisboa
O presidente da Junta de Freguesia de Santa Maria Maior, em Lisboa, disse hoje que o plano de mobilidade da zona ribeirinha melhorou a circulação automóvel na Baixa, defendendo a generalização da velocidade máxima de 30 quilómetros por hora.
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Auto Lisboa
"Contrariando as expectativas inicias que tinha, a situação está melhor em termos de circulação em Santa Maria Maior. Há menos automóveis, há menos poluição", afirmou Miguel Coelho (PS).
O autarca de Santa Maria Maior, freguesia que se insere na Baixa da cidade, falava na reunião da Assembleia Municipal de Lisboa, no âmbito de um debate de atualidade sobre o plano de mobilidade da zona ribeirinha, requerido pelo grupo municipal do PS.
"Não sei e também não interessa muito se os senhores foram obrigados a tomar esta medida devido à circunstância das obras todas ou se o fizeram por convicção, por filosofia em relação ao futuro da mobilidade na cidade de Lisboa, [...] o que interessa é se estas medidas são para continuar para além do pós-obras ou se são medidas transitórias", declarou o socialista.
Miguel Coelho disse que tem enfrentado o plano de mobilidade da zona ribeirinha com uma "dupla sensação", porque como residente na freguesia de Campo de Ourique nota "um agravamento da circulação", mas como autarca de Santa Maria Maior verifica que a situação melhorou.
Utilizando a classificação deste plano de mobilidade como uma Zona de Emissões Reduzidas (ZER) 'pop-up', adotada pelo presidente do Automóvel Club de Portugal (ACP), Carlos Barbosa, que é também deputado municipal do PSD, o socialista reclamou: "Oxalá não seja uma ZER 'pop-up', mas seja uma ZER para pensar, para desenvolver, para melhorar, para aperfeiçoar, mas que seja para durar, porventura, porque precisamos de melhor qualidade ambiental, porque a Baixa, de facto, agora está melhor, com muitos menos carros".
O plano de mobilidade da zona ribeirinha arrancou em 26 de abril, com a implementação de condicionamentos de trânsito automóvel na zona da Baixa, devido a várias obras em curso na cidade.
Lamentando a ausência prévia de um debate público com os residentes e com os presidentes de juntas de freguesia da cidade sobre o plano de mobilidade da zona ribeirinha, Miguel Coelho defendeu: "Ninguém aqui quer aniquilar o trânsito automóvel, apenas o queremos condicionar e o queremos regular para a melhor qualidade de vida de todos e para, naturalmente, uma melhor circulação na cidade".
"A cidade, se calhar, em termos de mobilidade, devia ser toda uma zona 30, era muito mais fácil. Toda a cidade devia ser uma zona 30, criando a sinalização onde se pode exceder. Até aqui, a zona 30 é um sinal de exceção, a regra devia ser a zona 30", propôs o socialista, referindo-se à implementação da velocidade máxima de 30 quilómetros por hora, que considera que devia ser generalizada, com a criação de exceções para vias de circulação rápida, como a Segunda Circular.
Uma das preocupações da ZER 'pop-up' é que, "se isto melhorou para a Baixa, piorou para Alfama, Mouraria, Chiado e Castelo", alertou.
O presidente da Junta de Freguesia de Santa Maria Maior considerou ainda que este território do centro histórico de Lisboa deve evoluir para a implementação de uma Zona de Acesso Condicionado (ZAC), definindo quem pode e quem não pode entrar com automóvel.
"Quando as pessoas compreenderem que trânsito local é algo que não é impositivo, não tenham dúvidas nenhumas que depois do verão ou daqui a um mês, dois meses, começam a ter, novamente, as pessoas todas a desrespeitarem a sinalética e a inundarem, de novo, o território de Santa Maria Maior", alertou Miguel Coelho, referindo-se ao plano de mobilidade da zona ribeirinha.
Na abertura do debate de atualidade, o socialista Pedro Costa, que é também presidente da Junta de Freguesia de Campo de Ourique, agradeceu ao executivo de Carlos Moedas (PSD) a capacidade de "reconhecer o erro" sobre as alternativas de trânsito, com a comunicação de cinco trajetos possíveis em vez de ser apenas a denominada 5.ª Circular, e solicitou os estudos de mobilidade prévios a estas soluções.
"Lisboa tem de avançar para novas e participadas soluções de mobilidade. Esta não pode ser mais uma oportunidade perdida", apelou o autarca do PS, criticando a "falta de clareza" na definição de trânsito local e defendendo a implementação da ZER, porque "não se reduzem emissões sem ninguém alterar qualquer ato".
Também os deputados municipais de PEV, PCP, BE, Livre, PAN, MPT e Cidadãos Por Lisboa (eleitos pela coligação PS/Livre) defenderam a necessidade de se "reduzir a dependência excessiva do automóvel", reclamando "mais e melhores transportes públicos".
Sobre os constrangimentos nos transportes públicos, o PSD apontou "a evidência de que em momento algum o Metropolitano está preocupado com a cidade de Lisboa" e o CDS-PP sugeriu que seja "repensada a gestão do metro de Lisboa".
Já o grupo municipal do Chega considerou que o plano de mobilidade é uma "excelente oportunidade" para que Carlos Moedas cumpra com o que prometeu na campanha eleitoral e "acabe de uma vez com a ciclovia da Almirante Reis", onde o trânsito está "caótico".
Devido às obras de expansão do Metropolitano de Lisboa, do Plano Geral de Drenagem e de reabilitação de pavimentos e coletores, a circulação rodoviária está interrompida ao trânsito geral na zona ribeirinha e na Avenida 24 de Julho, em ambos os sentidos, entre a Avenida Infante Santo e a Avenida Mouzinho de Albuquerque, e a alternativa passa pela 5ª Circular, com o percurso desde a Avenida Infante Santo, passando pela Praça da Estrela, Largo do Rato, Rua Alexandre Herculano, Rua do Conde de Redondo, Avenida Almirante Reis, Praça do Chile, Rua Morais Soares, Praça Paiva Couceiro e até à Avenida Mouzinho de Albuquerque.
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