Bernardo Sousa estreou-se no Mundial de Resistência (WEC) no Qatar. Depois de deixar os ralis e realizar uma época no Campeonato de Portugal de Velocidade, a Proton Competition endereçou o convite ao piloto português para participar numa das maiores competições do automobilismo mundial.
Ao volante de um dos novos Ford Mustang GT3 da equipa, Bernardo Sousa divide agora o carro com outros dois pilotos - Ben Tuck e Benjamin Barker. Em exclusivo ao Auto ao Minuto, Bernardo admitiu que ainda se está a adaptar a esta nova fase da carreira.
O piloto madeirense teve uma estreia menos feliz no Qatar, local onde não conseguiu terminar a primeira prova do Campeonato do Mundo porque o seu Mustang GT3 começou a arder.
Bernardo Sousa contou-nos o que sentiu naquele momento, falou do sonho de ganhar em Le Mans e abriu ainda a porta para uma futura aventura na carreira.
É um orgulho partilhar a pista com alguns ex-pilotos de Fórmula 1
Habituado aos ralis, como está a ser a experiência na velocidade? Não é a primeira experiência, mas há certamente uma adaptação…
Na verdade, os circuitos são a base da minha carreira no automobilismo. Comecei nos karts e antes da transição para os ralis ainda tive algumas experiências em Fórmulas. Obviamente, existe uma adaptação, seja a circuitos totalmente desconhecidos para mim, bem como ao carro. Além disto, há ainda o facto de correr sem ninguém ao lado [copiloto] e existir também a mudança de pilotos em plena corrida.
Como é estar na maior competição do mundo na Resistência?
É um orgulho enorme puder fazer parte deste exclusivo leque de pilotos, partilhar a pista com alguns dos melhores do mundo, inclusive vários ex-pilotos de Fórmula 1.
Sabia que a corrida tinha acabado ali. Mesmo que recuperássemos o carro, o resultado final estava comprometidoNesta primeira corrida no Qatar, não terminaram a prova porque o carro pegou fogo. O que passa pela cabeça num momento de tensão como aquele?
Não sabemos ao certo o que aconteceu [até à data da entrevista], mas o que senti foi apenas desilusão e frustração, pois sabia que a corrida tinha acabado ali. Mesmo que recuperássemos o carro, o resultado final estava comprometido.
Bernardo Sousa ao volante do carro #77 da Proton Competition © Getty Images
Que expectativas existem para esta temporada e, principalmente, para aquela que será a primeira experiência nas 24h de Le Mans?
O sonho de qualquer piloto é ter no seu palmarés vencer umas 24h de Le Mans. Estar neste campeonato é um sonho, mas tenho que ter noção da responsabilidade de estar numa equipa como a Ford/Proton e dos resultados que nos são exigidos. Tento ser o mais profissional possível, mas nesta fase, por inexperiência, tenho que deixar os mais altos voos para os meus colegas. As 24h de Le Mans serão muito desafiantes e farei o melhor possível.
Agora na velocidade, mas o 'habitat natural' eram os ralis. Podendo apenas participar numa modalidade até ao final da carreira, qual seria o caminho escolhido?
No início da minha carreira diziam para eu continuar nos circuitos, mas a paixão pelos ralis falou mais alto. Hoje, sendo mais racional, sei admitir que é aqui que tenho de estar. A porta que se abriu no meu regresso aos ralis não acontece do nada e tenho que aproveitá-la ao máximo. Sei que ralis poderei sempre fazer um ou outro. Um dia mais tarde espero ainda vir a fazer um Dakar.
Bernardo Sousa na primeira prova do Mundial de Resistência