"Nas moratórias privadas na habitação, desde o ponto mais alto, em junho, temos até fevereiro uma redução de 42% nas moratórias privadas", alega o governador do Banco de Portugal (BdP), Mário Centeno, esta terça-feira no Parlamento sobre o impacto do fim das moratórias.
“Desde outubro, tivemos um aumento no crédito à habitação de 242 milhões de euros na moratória pública e uma redução de 785 milhões de crédito na moratória privada”, diz Centeno, indicando que esses dados indicam alguma transferência.
"A esmagadora maioria das moratórias estão ao abrigo da moratória pública. As condições de acesso para famílias eram muito claras, podendo ser uma explicação possível para que Portugal tenha dos valores mais elevados da utilização das moratórias", sustenta.
Sublinha ainda o governador do BdP que as moratórias privadas, que terminam já esta quarta-feira, 31 de março, “têm vindo a perder importância” no contexto das moratórias em Portugal.
Por outro lado, “durante o ano de 2020, o setor bancário aumentou as imparidades em mais 44% do que em 2019, sendo esta a primeira resposta que os bancos deram na preparação para eventos de incumprimento que possam surgir”. Ainda assim é importante pensar também nos apoios que têm de ser dados às famílias, até pela “experiência de crises anteriores”.
No Banco de Portugal, “estamos em crer que essa resposta individualizada” irá ser dada, pois “a marcação de uma proporção de clientes bancários (com incumprimento) teria um ricochete muito significativo” para o sistema financeiro e para a economia.
Leia Também: Moratórias. Centeno diz que é preciso "agir com antecipação"