Após um trabalho de investigação iniciado em 2017 no Bairro de Paranhos, no Porto, numa área de 36 hectares, onde foi analisado o estado da totalidade dos espaços construídos no rés-do-chão de edifícios habitacionais, o coletivo oitoo apresenta agora as conclusões deste estudo: O Armazém Cowork e a Casa na Rua Álvaro Castelões.
Em causa, está a possibilidade de poder proporcionar habitação e espaços de trabalho de qualidade para famílias, jovens profissionais, estudantes e para a terceira idade, dentro dos limites físicos da cidade. "Ao trazer novos habitantes e utentes sem acrescentar nova construção, evitam-se desperdícios, reduz-se o consumo, minimiza-se o impacto ambiental."
A missão é identificar o potencial de criação de espaços de alojamento e trabalho para cerca de 50 mil pessoas num curto espaço de tempo, sem recorrer à ocupação de novo solo, transformando os rés do chão existentes dentro dos limites da cidade do Porto.
Uma iniciativa de intervenção urbana, conhecida como Reground ou Habitar o Rés-do-Chão, que partiu da constatação de que grande parte dos rés do chão da cidade Invicta encontram-se em desuso, em virtude das transformações económicas e logísticas dos últimos 40 anos.
Note que o estudo realizado pelo coletivo oitoo incidiu num universo de 581 espaços onde foram identificados 173 rés-do-chão vazios, 30% da totalidade, correspondendo a aproximadamente 22.500 m2 expectantes e sem uso.
Ou seja, apenas na zona estudada, há uma área desocupada que poderia gerar cerca de 300 habitações, alojando 1200 habitantes, num curto espaço de tempo, adaptando os espaços já edificados.
Salienta ainda o mesmo comunicado que "ao extrapolar estes números para a totalidade do território da cidade do Porto, os resultados mostram mais de 1.000.000 m2 em área construída em rés-do-chão sem uso a que poderiam corresponder 13.000 fogos para cerca de 50.000 habitantes."
Sublinhe-se que as dimensões destes espaços têm entre os 80 m2 e os 600m2, havendo exemplos com áreas superiores. Por esta razão é possível responder às necessidades das famílias grandes, mas também às de quem procura a casa-atelier, a casa térrea sem obstáculos físicos, a casa partilhada para estudantes ou até mesmo o cohousing.
A implementação desta ideia significa "um enorme impacto ao nível da oferta de habitação e espaços de trabalho a custos acessíveis em zonas bem servidas de infraestruturas". Significa também um benefício para a qualidade e uso dos espaço públicos da cidade.
Leia Também: Custos de construção de habitação nova aumentam 5,9% em abril de 2021