Programas do Estado de apoio à habitação prejudicam o setor privado?

O Governo tem como objetivo trabalhar em parceria com o setor imobiliário privado para reforçar o parque habitacional público. Gonçalo Santos, Head of Development da JLL, afirma que “existe de facto essa intenção” e que as “agências imobiliárias poderão, e deverão, fazer parte destes projetos pois reúnem um conhecimento profundo do terreno e das características da procura.”

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Ana Rita Soares
08/06/2021 12:00 ‧ 08/06/2021 por Ana Rita Soares

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Imobiliário

"Existe uma carência de habitação a nível nacional, mais acentuada nos grandes centros urbanos devido à normal escalada dos preços do imobiliário, justificada pelo reduzido stock face ao aumento exponencial da procura. Assim, os programas públicos de acesso à habitação são muito bem recebidos." Esta é a visão da JLL, um dos principais agentes imobiliários do mundo, que contabiliza cerca de 4,6 mil milhões de m2 de área global gerida e totaliza 33.700 operações de arrendamento, num total de 784 milhões de m2 de área arrendada.

A aposta do Governo em soluções de carência habitacional tem conquistado terreno nos dias que correm, mesmo em tempo de pandemia. As últimas notícias relevam que cerca de 52 municípios já assinaram Acordos de Colaboração no âmbito do programa 1.º Direito. Uma resposta de combate à falta de acesso à habitação no nosso país, que o setor imobiliário privado vê com bons olhos, uma vez que “o papel dos privados é essencial para o sucesso destes programas.”

Em entrevista ao Casa ao Minuto, o Head of Development da JLL, Gonçalo Santos afirma que, caso exista a hipótese de uma contribuição por parte das agências imobiliárias nesta vertente, “deverá materializar-se através de programas que disponibilizam imóveis detidos por entidades públicas para serem convertidos para este fim.”

Quando questionado sobre uma possível parceria com o Governo, o Head of Development da JLL revela que tem existido "de facto essa intenção e os programas que visam consagrar esta parceria têm sido apresentados e, em alguns casos, revistos por falta de adesão."

Nesse sentido, a JLL acredita "que a escassez de oferta acessível para o cliente doméstico, seja em renda, seja em venda, deve ser contrariada com contributo público." Além dos programas que disponibilizam imóveis detidos por entidades públicas, para Gonçalo Santos é também necessário materializar "este contributo através do incentivo à iniciativa privada em terrenos privados, onde a redução da carga tributária no ciclo de produção imobiliária, e/ou a garantia do escoamento das futuras unidades através de intervenção pública, se afiguram as mais requisitadas pelos agentes privados."

"A equação económica para produzir a preços comportáveis para o cliente nacional é difícil de resolver, principalmente tendo em conta a subida substancial dos custos de construção nos últimos anos", sustenta o responsável.

As agências imobiliárias poderão, e deverão, fazer parte destes projetos

Gonçalo Santos faz notar ainda que estes incentivos não prejudicam em nada o setor privado visto o seu papel ser crucial no sucesso destes programas. Como resposta à "carência de habitação a nível nacional, mais acentuada nos grandes centros urbanos devido à normal escalada dos preços do imobiliário, justificada pelo reduzido stock face ao aumento exponencial da procura, os programas públicos de acesso à habitação são muito bem recebidos pela população em geral, e pelo setor privado em particular, pois existem oportunidades nas quais o papel dos privados é essencial."

Nesse sentido, "as agências imobiliárias poderão, e deverão, fazer parte destes projetos pois reúnem um conhecimento profundo do terreno e das características da procura, elemento tão importante para a formatação do produto e construção do preço, e interagem diariamente com os principais promotores nacionais e internacionais, conhecendo bem as dores dos mesmos, podendo assim assumir um papel de mediador entre os interesses privados e públicos", finaliza o Head of Development da JLL.

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