Os preços dos imóveis no contexto global estão a emitir um tipo de alerta de bolha imobiliária que não se via desde a crise financeira de 2008, de acordo com a Bloomberg Economics. De entre 23 países membros da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), Nova Zelândia, Canadá e Suécia são os países que apresentam os índices de risco de bolha imobiliária mais preocupantes. Ainda distante, está Portugal em 13.º lugar da tabela.
De acordo com um estudo da Bloomberg Economics, de acesso pago, os principais mercados residenciais como a Noruega, o Reino Unido e a Dinamarca também estão entre os que mais correm o risco de atingir uma bolha. Tal como o nosso país, Espanha e Itália ainda mantêm-se distantes.
"O estímulo que ajudou a colocar a economia global de pé também está a alimentar um novo problema: bolhas imobiliárias", escreve Niraj Shah, economista-chefe responsável, no relatório. “Um cocktail de ingredientes está a fazer subir os preços das casas a níveis sem precedentes em todo o mundo”, sustenta o responsável.
Segundo os dados do mesmo relatório, entre os elementos que estão a contribuir para o risco de bolha imobiliária estão as taxas de juros baixas em mínimos históricos, estímulos fiscais sem paralelo, poupanças bloqueadas prontas para serem usadas, stock limitado de casas e expectativas de uma recuperação sólida da economia.
De acordo com esta analise, pessoas em trabalho remoto que precisam de mais espaço em casa e os incentivos fiscais oferecidos por alguns governos aos compradores de residências são também fatores que estão a alimentar a procura por casas.
O relatório da Bloomberg Economics compila cinco indicadores para estimar a "classificação da bolha" de um país, com uma leitura mais alta indicando maior risco de correção. Entre os indicadores, a relação entre preços e arrendamentos, a relação entre preços e rendimentos, o crescimento real dos preços, o crescimento nominal dos preços e o crescimento do crédito em termos anuais.
Depois de Nova Zelândia, Canadá, Suécia, Noruega, Reino Unido e a Dinamarca, entre os dez países com maior risco estão também os EUA, Bélgica, Áustria e França, a fechar o top 10. Já nos últimos três lugar de risco de bolha imobiliária, estão a Itália, a Irlanda e, na última posição, o Japão.
Contudo, apesar do risco global atual, o estudo prevê um arrefecer da situação se as projeções das principais organizações se mantiverem. “À medida que aumentam as métricas de risco, como taxas de juros ainda baixas ou políticas macroprudenciais em vigor, é mais provável que o próximo período seja caracterizado mais por um arrefecimento do que por um colapso”, acrescentou o economista no relatório.
Note que bolha imobiliária, como qualquer outra bolha inflacionária, é causada por um aumento exacerbado nos preços dos imóveis que não reflete realmente o valor dos bens.
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