"De facto, temos sentido um acréscimo do número de contratos celebrados, mas penso que esta situação também será influenciada pela desconfiança nas políticas de arrendamento que empurram os senhorios para a celebração de contratos de arrendamento de prazo certo, não renovável", disse à Lusa a vice-presidente da Associação Lisbonense de Proprietários, Iolanda Gávea.
São contratos que têm "um menor risco para os senhorios", que por isso "impõem, mesmo querendo manter o inquilino", a obrigação de ser celebrado um novo contrato, sendo que é uma situação que não beneficia "qualquer das partes", acrescentou Iolanda Gávea.
"Sendo esta a justificação para o aumento do número de contratos, então é tão só consequência das erradas políticas legislativas no âmbito do arrendamento que empurram os senhorios para soluções que, não beneficiando qualquer das partes, têm apenas como vantagem a redução do risco", disse, acrescentando que aquilo que a associação "defende para os senhorios é que as políticas públicas tenham como foco o incentivo ao arrendamento".
Os novos contratos de arrendamento de casas no concelho de Lisboa, no primeiro semestre deste ano, foram 9.065, um recorde desde pelo menos 2017, desde quando há registos, segundo dados oficiais publicados no portal LXhabidata, que foi apresentado hoje, relativos aos 18 concelhos da Área Metropolitana de Lisboa (AML).
Os 9.065 novos contratos na cidade de Lisboa (31% do total de toda a AML) no primeiro semestre sucedem a 7.968 no semestre anterior (o segundo de 2020) e comparam com os 6.841 celebrados no mesmo período do ano passado (janeiro a junho), segundo os dados do INE publicados no LXhabidata. Os dados mais antigos inseridos na plataforma são de 2017.
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