Num cenário de aceleração da inflação e das taxas de juro associadas aos créditos à habitação surge a dúvida entre optar pela taxa fixa ou pela taxa variável no momento de celebrar o empréstimo. De acordo com a DECO Proteste, a taxa fixa pode custar mais 200 euros por mês, mas há vários aspetos a ter em consideração.
"Reavivam-se as dúvidas, tanto para quem tem um empréstimo em curso, como para quem vai iniciá-lo. Não foi há muito - em 2008 - que a Euribor ultrapassou os 5%, deixando muitas famílias a braços com o pagamento de prestações inflacionadas", lembra a DECO Proteste, adiantando que "não se antevê a repetição deste cenário, pelo menos, para já".
Contudo, "até há bem pouco tempo, também era implausível que o indexante chegasse à zona negativa, como veio a acontecer. O que fazer, então? Optar pela taxa variável e ficar sujeito aos humores da Euribor, que muito provavelmente continuará a subir, ou preferir um crédito com taxa fixa, que, não sendo necessariamente mais barato, oferece a segurança de uma prestação estável?", questiona a organização de defesa do consumidor.
Taxa fixa pode custar mais 200 euros por mês
Em julho, a DECO Proteste pediu aos 13 bancos que comercializam crédito à habitação propostas para um financiamento de 200 mil euros a 30 anos, para uma casa de 250 mil euros.
A conclusão é que "apesar de as propostas de crédito à habitação com taxa fixa terem aumentado, ainda é a taxa variável que proporciona uma prestação menor".
"Para o nosso cenário, conseguiríamos um empréstimo com uma TAEG de 1,9%, que resultaria numa prestação mensal a rondar os 600 euros. No caso da taxa fixa, obteríamos, na melhor das hipóteses, uma TAEG de 3,6% e uma mensalidade superior a 800 euros. Anualizada, esta diferença de quase 200 euros mensais traduz um acréscimo superior a 2.300 euros", nota a organização.
Quais as vantagens da taxa fixa?
De acordo com a DECO, "a grande vantagem da taxa fixa no crédito à habitação é o consumidor saber com o que contar todos os meses, já que a prestação não muda com o contexto económico-financeiro". Ora, "perante uma subida acentuada dos juros, a opção pela taxa fixa pode revelar-se vantajosa e gerar poupanças relativamente à variável".
"Quanto menor for o prazo em que a taxa permanece fixa, maior a probabilidade de não ocorrerem oscilações na Euribor que compensem o que vai pagar a mais face a um financiamento com taxa variável. Ou seja, um crédito com taxa fixa apenas por cinco anos, passando depois a estar indexado à Euribor pelo resto do prazo, pode não valer a pena. Compare a prestação desses primeiros cinco anos com a que pagaria num crédito com taxa variável, no momento em que a Euribor estivesse em 2 por cento. A taxa fixa só compensa se este montante for inferior", recomenda a organização.
Deve ter também em conta a comissão de amortização: "Se prevê poupar algum dinheiro para ir abatendo o crédito, tenha em conta que a comissão por amortização antecipada na taxa fixa (2%) é quatro vezes mais elevada do que na taxa variável. Além disso, os bancos são menos propensos a renegociar um contrato de taxa fixa."
Por fim, a DECO recomenda que "além dos aspetos puramente financeiros, num contexto que se afigura cada vez mais de pré-crise, pese também a componente emocional, sobretudo se não lida bem com o imprevisível, e tome a decisão acertada para si".
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