"O que está previsto é fazer uma intervenção faseada nas residências", referiu António de Sousa Pereira, destacando que a U.Porto está a renegociar o "programa de contratos com entidades externas" no sentido de os "ampliar" e garantir que em condições financeiras de alojamento "para os estudantes exatamente iguais às que teriam em residências da universidade".
O reitor falava aos jornalistas à margem de uma visita à Residência Estudantil da Carvalhosa, em Cedofeita.
Segundo o reitor, "as obras avançarão de tal forma que ninguém seja prejudicado e possa ser alojado enquanto temporariamente as suas camas nas residências estão a ser intervencionadas".
António de Sousa Pereira adiantou ainda que a U.Porto está, neste momento, "a ultimar um contrato para um número significativo de camas com uma organização religiosa no centro da cidade que vai disponibilizar umas largas dezenas de quartos".
Questionado sobre se entendia as preocupações levantadas na segunda-feira pela presidente da Federação Académica do Porto (FAP), que afirmou estar preocupada com o "destino" dos estudantes que vivem naquelas residências, António de Sousa Pereira adiantou não ter sido contactado pela federação.
"Percebo, mas eles ainda não falaram comigo senão ter-lhes-ia explicado", acrescentou.
Também presente na visita, a ministra da Presidência, Mariana Vieira da Silva, afirmou que "todas as soluções necessárias serão encontradas".
Questionada se o Governo estaria disponível para ajudar as universidades, financiando os custos que vão ter com o aluguer de quartos para realojar os estudantes, a ministra salientou que "entre o Ministério da Ciência, a Universidade do Porto e o Governo serão encontradas as melhores soluções" para "continuar a prosseguir o caminho de concretização do PRR".
Na segunda-feira, em declarações à Lusa a propósito do número de camas que o PRR vai permitir criar no Porto até 2026, a presidente da FAP disse já ter questionado o Governo e as instituições de Ensino Superior sobre o "destino" a dar aos estudantes que vivem em residências dos Serviços de Ação Social que vão ser reabilitadas.
À Lusa, a U. Porto garantiu que vai alugar camas no setor social para acolher temporariamente os estudantes que habitam nas residências universitárias dos Serviços de Ação Social a reabilitar no âmbito do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), sendo também "provável" que tenha de recorrer ao setor privado para "manter a oferta existente de camas".
No concelho do Porto foram aprovadas 10 candidaturas da universidade, politécnico e município ao PRR para a reabilitação ou construção de camas em residências universitárias, que representam um financiamento superior a 33,2 milhões de euros.
De acordo com a lista de projetos financiados pelo PRR, disponível na página da Internet do Programa Nacional para o Alojamento no Ensino Superior e consultada pela Lusa, as 10 candidaturas vão permitir a construção de 1.510 camas, das quais 799 são novas e 711 reabilitadas.
Dos 33,2 milhões de euros, mais de metade - cerca de 20,4 milhões de euros -, corresponde aos sete projetos submetidos pela U.Porto.
O financiamento vai permitir a reabilitação de 701 camas nas residências do Campo Alegre III (43 camas), Novais Barbosa (244), Alberto Amaral (311) e Jayme Rios de Souza (103), bem como a construção de 411 novas camas, 206 das quais na futura residência da Asprela, que será construída nos terrenos junto à Faculdade de Desporto.
Das novas camas a construir pela universidade, 151 vão ficar instaladas no edifício atualmente ocupado pela sede do Centro de Desporto e algumas salas de aula da Faculdade de Belas Artes, na rua da Boa Hora, e 54 num edifício que se encontra em reabilitação junto à antiga Faculdade de Farmácia, na Viela da Carvalhosa, em Cedofeita.
O reforço do Programa Nacional para o Alojamento no Ensino Superior, através do PRR, visa criar 18 mil camas em alojamentos para estudantes do Ensino Superior até 2026.
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