Cartas de prisão de Nelson Mandela publicadas no seu centenário
Mais de 250 cartas escritas por Nelson Mandela durante os 28 anos de prisão vão ser publicadas pela Porto Editora, em julho, quando se assinala o centenário do nascimento do líder revolucionário anti-apartheid e Presidente da África do Sul.
© Lusa
Cultura Porto Editora
'As cartas da prisão de Nelson Mandela' é o título do livro, que chega às livrarias no dia 12 de julho, e reúne 255 cartas, muitas delas nunca, antes, tornadas públicas, organizadas cronologicamente e divididas pelas quatro instituições prisionais por onde passou.
A propósito dos cem anos do nascimento de Nelson Mandela, que se assinalam no dia 18 de julho, muitos países vão marcar a efeméride com o lançamento destas cartas, institucionais, políticas e familiares, com organização da jornalista Sahm Venter, apoiada pela Fundação Mandela, e prefaciado pela neta do ativista Zamaswazi Dlamini-Mandela.
O advogado e ativista do Congresso Nacional Africano Nelson Mandela foi preso em 1962, numa altura em que o regime de apartheid na África do Sul intensificava a sua campanha brutal contra os opositores políticos.
Na altura, com quarenta e quatro anos, Nelson Mandela não imaginava que passaria os vinte e oito anos seguintes na prisão, sendo libertado apenas a 11 de fevereiro de 1990.
Durante os seus 10.052 dias de encarceramento, o futuro líder da África do Sul escreveu uma imensa quantidade de cartas às inflexíveis autoridades prisionais, a companheiros ativistas, a responsáveis governamentais e, acima de tudo, à sua mulher, Winnie, e aos cinco filhos, descreve a editora.
"Ilustrado com reproduções de alguns dos seus escritos, este é um documento de um valor excecional para o conhecimento desta que foi uma das figuras mais inspiradoras do século XX, revelando-o como pai e marido extremoso, como um lutador incansável pelos direitos humanos e, acima de tudo, como homem de uma coragem imperturbável, que se recusou a comprometer os seus valores, mesmo quando confrontado com um enorme sofrimento", acrescenta.
Nelson Rolihlahla Mandela viria ser presidente da África do Sul de 1994 a 1999, sendo considerado o mais importante líder da África Negra, vencedor do Prémio Nobel da Paz, em 1993, e conhecido como "pai da moderna nação sul-africana", onde é normalmente referido como Madiba.
Nasceu em 1918, no seio de uma família de nobreza tribal, numa pequena aldeia do interior, mas aos 23 anos rumou à capital, Joanesburgo, para se envolver na política.
Na Faculdade de Direito tornou-se um rebelde e um jovem advogado, líder da resistência não-violenta da juventude, acabando acusado e julgado por traição.
Foi libertado depois de uma campanha internacional e numa altura em que o recém-eleito presidente sul-africano Frederik de Klerk - com quem Mandela viria a partilhar o Nobel da Paz -, para responder ao crescente clima de conflito e à iminente guerra civil, cancelou a interdição do ANC, revogou algumas leis segregacionistas e libertou Nelson Mandela.
O processo de democratização da sociedade prosseguiria até 1994, com a eleição de Mandela, embora a minoria branca a tivesse tentado manter a supremacia.
Nelson Mandela morreu em 2013. Dedicou a vida à causa que defendeu desde o início, como advogado de direitos humanos, pela qual se tornou prisioneiro de um regime de segregação racial, e pela qual foi igualmente eleito primeiro presidente da África do Sul livre.
Para o homenagear, a Organização das Nações Unidas instituiu o Dia Internacional Nelson Mandela no dia do seu nascimento, 18 de julho, como forma de valorizar em todo o mundo a luta pela liberdade, pela justiça e pela democracia.
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