Caetano trouxe os filhos a Lisboa para mostrar a força que os faz cantar
Depois de um concerto no Porto, na segunda-feira, Caetano Veloso e os seus filhos Moreno, Zeca e Tom desceram até Lisboa para duas noites no Coliseu dos Recreios. Primeira noite ficou marcada pelos momentos intimistas, que passaram pelas músicas de Caetano, mas também por composições dos seus filhos. Houve ainda espaço para homenagear Lisboa e Salvador Sobral.
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Cultura Coliseu
Tocar no Coliseu dos Recreios, em Lisboa, para Caetano Veloso já não é novidade. São tantas as visitas a Portugal, e a esta sala em particular, que cada concerto do músico brasileiro por cá é como que uma reunião de família . No entanto, logo no início da apresentação deste ‘Ofertório’, em que trouxe consigo os filhos Moreno, Zeca e Tom, Caetano admitiu que estava bastante nervoso.
Não é de estranhar. Este ‘Ofertório’, que está registado em disco e que já passou pelo Porto, junta pai e filhos em palco, em formato acústico, num tom intimista e a chegada de Caetano a Portugal ficou marcada, em pleno de voo de Barcelona para o Porto, pelos passageiros a cantarem ‘Sozinho’, num momento comovente, que Paula Lavigne, mulher do cantor, descreveu como “o melhor momento da digressão”.
Durante cerca de duas horas, a família Veloso tocou não só clássicos de Caetano como também musicas compostas pelos filhos do autor de ‘Transa’. ‘Alegria, Alegria’ deu início a um concerto íntimo, com os quatro lado a lado, relaxados - o nervosismo de Caetano passou rapidamente - e felizes, enquanto homenageavam não só a família Veloso como a família lisboeta que os veio receber.
Depois de ‘O seu amor’, música composta por Gilberto Gil’, e ‘Boas vindas’, Zeca Veloso tocou a a belíssima ‘Todo o homem’, composta pelo próprio, num dos momentos mais bonitos e comoventes da noite.
Zeca, mais tímido mas com o talento que é característico da família, foi o estreante no Coliseu, como o próprio Caetano fez questão de notar. Moreno e Tom já tinham tocado com o pai naquela mesma sala e também mostraram alguns dos temas que compuseram, como ‘Um passo à frente’ ou ‘Clarão’, respetivamente, sempre perante o acompanhamento e o olhar de um pai orgulhoso.
Caetano explicou que o nome do espetáculo vem da música que lhe deu nome, composta pelo próprio, para homenagear os 90 anos da sua mãe Dona Canô, isto em 1997. Sublinhando que não é religioso, apesar de a música o ser, Caetano Veloso fez questão de aproveitar a introdução de ‘Ofertório’ para dedicar a música à religiosidade dos seus três filhos.
Houve ainda espaço para a família mostrar os seus dotes de dança, com Tom a fazer um brilharete em ‘Alexandrino’, seguindo-lhe, mais à frente Caetano e Moreno. Até o tímido Zeca, mais para o final acabou por ceder aos apelos do pai e dançou um pouco perante um público completamente rendido.
A noite parecia estar a chegar ao fim com ‘Força estranha’ e ‘How beautiful could a being be’, mas eis que Caetano, Moreno, Zeca e Tom regressam e Moreno canta 'Noite de Santo António', um tributo a Lisboa, para depois Caetano surpreender e tocar ‘Amar pelos dois’, o tema com que Salvador Sobral – assumido fã do brasileiro e com quem partilhou o palco no Festival da Eurovisão deste ano, que decorreu em Portugal – venceu o Festival da Canção em 2017. Da plateia, ouviu-se um obrigado. Terá sido Salvador?
No encore, espaço ainda para ‘Deusa do amor’ e ‘Tá escrito’, mas Lisboa queria mais e os Veloso voltaram para um segundo encore, em que tocaram ‘Gente’ e uma ‘A luz de tieta’, cantada, grande parte do tempo, a capella por um Coliseu quase cheio. O público saiu desta noite quente de agosto de peito cheio. Esta quinta-feira, a dose repete-se.
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