A peça, com composições de Fernando Lapa, texto de Eduarda Freitas e encenação de Catarina Costa e Silva, estreia-se pelas 21:30 de sexta-feira, na Casa das Artes, no Porto, onde será exibida também no sábado e no domingo, antes de outras duas récitas a 29 e 30 de setembro, na biblioteca da Reitoria da Universidade do Porto, no âmbito das Jornadas Europeias do Património.
O compositor, Fernando Lapa, explicou à Lusa que as "melodias tradicionais, todas do Norte, são o ponto de partida", com o espetador a atravessar através da música as regiões do Douro, Minho e as Terras de Miranda, além da Galiza, mas também "o espírito das cantigas, o ambiente, meio, ritmo e trabalho a que dizem respeito".
"Quis que este espetáculo pudesse chegar a muita gente, e aproveitado por um leque bastante alargado de público. Este espetáculo, por celebrar os 10 anos do grupo, tem esse aspeto de celebração", explicou.
Lapa procurou "estilizar, a par da cena, os ambientes rurais e tradicionais", elevando a leitura a "outro plano", numa comunhão entre música, cena e representação, com um "equilíbrio em que todos respiram a mesma linguagem".
No que toca à história, esta é "uma manta de retalhos, um mosaico", descreveu à Lusa a encenadora, que explicou que o foco na música tradicional foi combinado com "uma roupagem nova e orientação mais contemporânea", que remete para "diferentes, paisagens, momentos e retratos da vida social, entre a rural e a urbana".
Para Catarina Costa e Silva, a matriz popular mantém-se presente ao longo da obra, mas com uma "exploração tímbrica e musical mais contemporânea", enquanto o texto de Eduarda Freitas trabalha a "interseção das canções", explicou à Lusa a soprano Teresa Nunes.
"Além disso, colaborámos com o Centro de Linguística da Universidade do Porto, através do professor João Veloso, para percebermos a norma fonética das regiões de onde vêm as canções, como o mirandês ou a pronúncia de Rio de Onor", explicou.
Composto pela soprano Teresa Nunes, pelo clarinetista Crispim Luz, a violoncelista Susana Lima e a pianista espanhola Brenda Vidal Hermida, o Quarteto Contratempus vive em 2018 o 10.º aniversário, no qual foi distinguido pela Agência Nacional de Inovação com o Prémio Born From Knowledge, e com o terceiro Prémio Indústrias Criativas Serralves/Super Bock.
O último refere-se à peça 'As Sete Mulheres de Jeremias Epicentro', uma ópera de câmara criada por Jorge Prendas e Mário Alves que teve a colaboração da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto (FEUP), na construção de "um instrumento interativo, uma luva cenografada por Sofia Silva" e desenvolvida por Hugo Mesquita.